Os portugueses que levaram Portugal até ao topo em 2018

Em selecções ou a título individual, foram vários os desportistas que durante o ano que está prestes a terminar conquistaram para Portugal títulos mundiais ou continentais

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Ricardinho da selecção de futsal IGOR KUPLJENIK/Reuters

Portugal está longe de ser uma potência desportiva internacional. A sua dimensão territorial e demográfica condiciona as conquistas internacionais. A acrescentar a estas limitações, junta-se a crónica escassez de recursos financeiros para investir no desporto. E há ainda as deficiências organizativas ou de planeamento que tantas vezes dificultam ou impossibilitam a obtenção de bons resultados. Apesar de tudo isto, todos os anos, há atletas ou selecções a conquistar títulos internacionais para o país e a deixar orgulhosos os portugueses que se revêem nos seus feitos.

O ano de 2018 não foi excepção. Não sendo um ano olímpico, foram as conquistas mundiais ou europeias que obtiveram maior destaque e a primeira chegou logo em Fevereiro, quando a selecção masculina de futsal se sagrou, pela primeira vez, campeã da Europa. Portugal já tinha sido “vice” em 2010 mas, desta vez, em Ljubliana, na Eslovénia, os portugueses conquistaram um inédito título europeu, derrotando a Espanha por 3-2, após prolongamento.

Marcelo Rebelo de Sousa, receberia os campeões da Europa pouco depois, no Palácio de Belém, condecorando-os com a Ordem de Mérito algumas semanas depois. Foram os primeiros desportistas a serem condecorados pelo Presidente da República em 2018. Mas nem todos os campeões tiveram direito a essa distinção presidencial.

Diogo Ganchinho, por exemplo, que em Abril se sagrou campeão europeu de trampolim individual em Baku, no Azerbaijão, não teve ainda direito a esse reconhecimento. Ginasta há 25 anos, Ganchinho tem representado Portugal em várias competições internacionais, tendo ficado algumas vezes, muito perto do primeiro lugar do pódio. “Sabia que algum dia eu iria conseguir um grande momento na minha carreira e isso, felizmente, aconteceu”, reagiu o ginasta que conquistou para Portugal a primeira medalha em Campeonatos da Europa nas provas de trampolim individual.

Um só campeão do mundo

Notável foi também o feito de Fernando Pimenta, o único português a vencer um título mundial em 2018. Aliás, dois. O atleta natural de Ponte de Lima aproveitou da melhor forma o “factor-casa” e, em Agosto, ganhou duas medalhas de ouro nos Mundiais de canoagem, nas provas de K1 1000 e 5000 metros, que se disputaram em Montemor-o-Velho. Dois títulos mundiais que se juntaram ao europeu, ganho dois meses antes, na distância mais curta. Aos 29 anos, Pimenta atingiu o topo, depois de ter conquistado o bronze mundial em 2015 e a prata em 2017 naquela distância.

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Habituado a vencer está também Nélson Évora e 2018 trouxe-o de volta ao lugar mais alto do pódio, depois de um período em que foi atormentado por lesões. Em Agosto, Évora fez o seu melhor salto do ano, vencendo a medalha de ouro na prova do triplo salto dos Campeonatos Europeus de atletismo, realizados em Berlim. Foram 17,10m que levaram o atleta português, de 34 anos, a alcançar um título que lhe faltava no currículo. Na mesma competição, mas noutra prova, Inês Henriques entrou na história do atletismo do Velho Continente ao ser a primeira campeã da Europa nos 50km Marcha, distância que fez a sua estreia no calendário dos campeonatos. Foram 4h09m21s sempre a marchar, durante as quais a portuguesa deixou para trás aos restantes 18 participantes.

O futebol também contribuiu para a lista nacional de campeões do ano 2018. A selecção sub-19 venceu o título europeu da categoria ao derrotar a Itália por 4-3, na Finlândia, após prolongamento. Foi o primeiro título europeu dos portugueses nesta competição, depois de várias finais perdidas.

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Portugal teve ainda campeões europeus em outras modalidades menos mediáticas (ver quadro), mas num ano em que ficou finalmente consagrada a igualdade dos prémios atribuídos a atletas olímpicos e paralímpicos e que ficou acordada a convergência dos valores das bolsas da participação e preparação desportiva entre atletas olímpicos e paralímpicos a partir de 2019 é imperioso referir os títulos internacionais ganhos por estes últimos.

No desporto adaptado, houve nada menos do que seis campeões europeus, em diferentes provas de atletismo, enquanto duas selecções portuguesas impuseram-se à concorrência noutras modalidades.

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Claro que houve outros atletas a vencer lá fora em categorias inferiores. Vários que, não tendo chegado ao ouro, ficaram perto e alcançaram posições honrosas. Mas estes, como disse Marcelo Rebelo de Sousa quando recebeu os campeões europeus de futsal em Belém, fizeram bem à “auto-estima de cada um de nós, à auto-estima nacional”.

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