Esta coleira electrónica treina rebanhos a limpar vinhas e pomares
Investigadores da Universidade de Aveiro desenvolveram uma coleira electrónica que, através da emissão de sons, "ensina" rebanhos de ovelhas e cabras a não comerem frutos, folhas e ramos de videiras e árvores.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) criou uma coleira electrónica que "ensina" os rebanhos de ovelhas e cabras a comerem apenas a vegetação infestante em vinhas e pomares.
As coleiras foram já testadas nas vinhas da Escola Superior Agrária de Viseu e da Adriano Ramos Pinto, S.A., e encontram-se em processo de industrialização a realizar pelo parceiro industrial do projecto, a Globaltronic, Electrónica e Telecomunicações, S.A.
"Estes testes têm vindo a confirmar a eficiência do método de monda animal, mantendo a segurança das produções assim como o necessário bem-estar dos animais", congratula-se Pedro Gonçalves, da equipa de investigação.
A coleira electrónica, quando colocada em cada um dos animais, faz com que ovinos e caprinos se concentrem nas ervas daninhas e que "deixem em paz" frutos, folhas e ramos de videiras e árvores.
De acordo com os investigadores, o método oferece "grandes vantagens", não só aos produtores como ao meio ambiente: elimina o uso de herbicidas para queimar ervas infestantes, os terrenos deixam de ter a necessidade de serem arados várias vezes por ano e a fertilização dos solos passa a ser feita de forma natural.
Evita ainda que os resíduos dos herbicidas possam contaminar os frutos e o vinho, "como acontece actualmente, apesar dos cuidados dos produtores", e porque todos esses processos são realizados por máquinas agrícolas, "o suprimento destas permitiria poupar nos combustíveis fósseis", descreve uma nota da Universidade.
Desenvolvido no âmbito do projecto SheepIT, por docentes da Escola Superior de Tecnologia de Águeda (uma das quatro escolas politécnicas da UA), dodepartamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática e do pólo do Instituto de Telecomunicações da Universidade de Aveiro, o sistema inclui uma coleira electrónica acoplada ao pescoço dos animais que tem como função a monitorização e condicionamento da respectiva postura corporal.
"A coleira emite um conjunto de avisos sonoros de forma a avisar o animal que excedeu a altura máxima calibrada. Os sons antecedem a emissão de estímulos electrostáticos que incomodam o animal sem lhes causar qualquer tipo de dor", explica Pedro Gonçalves.
Assim, explica o coordenador do projecto, de forma a evitar o incómodo, "os animais começam a evitar a postura infractora quando ouvem o 'som', deixando as videiras e as árvores de fruto em paz e dedicando-se exclusivamente à pastagem do solo".
Para além de Pedro Gonçalves, fazem parte do projecto os investigadores José Pereira, Miguel Nóbrega e Paulo Pedreiras.