"Esta é a melhor prenda". Começou o realojamento do Bairro da Jamaica

Depois da longa espera, os primeiros moradores do Bairro do Jamaica, no Seixal, começaram a ser realojados. Este processo deverá estar concluído em 2022.

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Daniel Rocha
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Era a década de 80, a construção civil disparava e, no Seixal, construíam-se umas torres num terreno com cinco hectares. Os prédios acabaram por ser erguidos, mas não foram concluídos. O proprietário abandonou os terrenos, o banco executou uma hipoteca, o terreno mudou de dono e, já nos anos 90, aquelas construções inacabadas atraíram quem vinha dos PALOP. Ali, fez-se um bairro - Vale de Chícharos ou, como é mais conhecido, Jamaica -, onde os primeiros a chegar ergueram as paredes que faltavam e trataram de fazer puxadas ilegais de luz, de água e de gás. Agora vai-se fechar um ciclo.

Esta segunda-feira marca o primeiro dia do fim da vida do Bairro da Jamaica. As primeiras famílias, das 234 que ali moram começaram a ser realojadas. Há camiões de mudanças a entrar e a sair do bairro, carregados com os pertences acumulados ao longo de uma vida e que agora rumarão às casas novas que estão espalhadas pelo concelho. 

No Jamaica, está-se entre o querer ir para casa nova e as saudades antecipadas da vida no bairro. Há muito que a associação de moradores do bairro lutava pelo realojamento de quem ali mora. As coisas ali nunca foram fáceis, e foram-se degradando ao longo do tempo com falta de segurança, falta de condições de higiene, de esgotos e de iluminação pública. 

Este primeiro passo no realojamento é “uma esperança renovada” para estas pessoas, diz Dirce Noronha, 41 anos, membro da associação. “Já estávamos a perder as esperanças”.

Também Dirce é moradora do lote 10, e por isso, na manhã desta segunda-feira mudou-se com a filha de 12 anos para a casa nova. “Esta é a melhor prenda”, diz. 

O realojamento das famílias do Jamaica acontece depois de no ano passado, a 22 de Dezembro, ter sido assinado um acordo entre a Câmara Municipal do Seixal, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e a Santa Casa da Misericórdia do Seixal, homologado pela secretária de Estado da Habitação. 

Este acordo visa o realojamento das 234 famílias que foram chegando ao bairro nos últimos 30 anos. Implicará um investimento total de mais de 15 milhões de euros, sendo que 8,3 milhões serão suportados pelo município.

Para já, vai realojar-se o lote 10, por ter mais moradores. No total, 187 pessoas vão ser realojadas em 64 casas que a câmara do Seixal e a Santa Casa compraram e reabilitaram, num investimento de 3,6 milhões de euros. 

Esta segunda-feira, vão mudar-se 21 famílias para habitações em vários locais do concelho. As mudanças continuam na terça e quarta-feira. Depois do prédio desocupado, toda a estrutura será demolida. 

A câmara do Seixal conta ter todos os moradores do bairro em casas novas em 2022. Os terrenos onde hoje está o Jamaica terão, depois, outro destino. Nele será erguido um empreendimento para habitação. 

Este passo representa uma maior integração destas famílias no concelho, ainda que a comunidade que ali criaram ao longo dos anos tenha crescido e se fortalecido. Agora tem os dias contados mas, enquanto o bairro não for todo abaixo, diz Dirce, aquela há-de continuar a ser a casa deles. Para quem sai, o desafio agora não será viver numa casa sem luz ou com humidade por todos os lados. Será “saber viver fora do bairro”, nota a moradora. 

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