Helicóptero fazia voos do INEM há sete meses e tinha manutenções em dia
O aparelho, de origem italiana, era um dos quatro ao serviço das equipas de emergência médica.
As manutenções do helicóptero do INEM que este sábado se despenhou com quatro pessoas a bordo estavam em dia, e nem a empresa nem os serviços de emergência médica previam quaisquer problemas com a aeronave, apurou o PÚBLICO.
No início deste ano, o INEM teve várias complicações com os helicópteros ao seu serviço, depois de, no final do ano passado, ter ficado sem os dois helicópteros Kamov do Estado, parados por lhes faltar uma peça. Depois de um concurso público para o fornecimento de aeronaves, entrou em vigor no mês passado o novo contrato com a empresa Babcock, do qual fazia parte o Agusta 109S que caiu na zona de Valongo.
O INEM tem uma frota de quatro helicópteros alugados exclusivamente para fazerem a cobertura do país em missões de emergência médica. Um deles era o Agusta 109S estacionado na base de Macedo de Cavaleiros. Este helicóptero, de matrícula italiana, chegou a Portugal há cerca de sete meses (ao abrigo de um ajuste directo com o INEM) e era uma versão actualizada do aparelho anterior que estava naquela base, que serve o Norte do país.
Contactada pelo PÚBLICO, a Autoridade Nacional de Aviação Civil garantiu que tanto a aeronave como o piloto tinham os requisitos do ponto de vista operacional e legal para operarem. Tratando-se de uma aeronave europeia, cumpria as regras da Agência Europeia para a Segurança da Aviação.
O aparelho era um dos quatro que o INEM aluga à Babcock, antiga INAER, que venceu o concurso internacional deste ano – um concurso que teve vida atribulada, antes e depois de ser lançado.
Tudo começou com a intenção do INEM de lançar um concurso para evitar a dependência da Autoridade Nacional de Protecção Civil na disponibilização dos Kamov do Estado. O INEM e a Protecção Civil partilhavam estes helicópteros pesados: dois deles combatiam incêndios de Verão e serviam para emergência médica no Inverno.
No final de 2017, o INEM ficou a operar durante alguns meses com apenas três helicópteros, porque os Kamov, depois dos fogos, foram para uma manutenção programada e de lá não voltaram a sair. Além disso, o concurso para o aluguer de quatro meios aéreos para o INEM, que tinha sido lançado em Novembro, ainda não tinha tido resultados.
As confusões com a contratação destes aparelhos ainda se haveria de adensar mais, uma vez que o INEM queria que as empresas de helicópteros fornecessem também as equipas médicas. O primeiro concurso falhou e o INEM voltou atrás nesta exigência. Ao segundo concurso apresentaram-se três empresas, a Heliportugal, a Everjets e a Babcock, que sairia vencedora e continuaria a fornecer o serviço.
Para cumprir o contrato, a Babcock colocou dois helicópteros médios Agusta AW139 nas bases de Loulé e de Santa Comba Dão, um Bell 412 em Évora e um Agusta 109S em Macedo de Cavaleiros. A intenção é substituir o aparelho de Évora também por um 109S. Este é o modelo escolhido para substituir os anteriores 109, que foram questionados no ano passado dentro do INEM, após dois incidentes resolvidos sem problemas.