Helicóptero do INEM: duas horas entre queda e alerta por explicar

Alerta chegou quase duas horas depois da última comunicação emitida pela aeronave. Os quatro tripulantes morreram. Durante a noite, associação da Azenha juntou moradores e forças da Protecção Civil.

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Cerca da 1h de domingo, na Estrada Nacional 15, em direcção à base de operações montada pela Protecção Civil na Associação Recreativa e Cultural da Azenha (ARCA), freguesia do Campo, Valongo, vê-se um comboio de veículos de várias corporações de bombeiros, da Protecção Civil e algumas ambulâncias que se desviam deste arruamento para um caminho em direcção à serra de Santa Justa, perto da aldeia de Couce.

O PÚBLICO segue na mesma direcção – uma subida acentuada por um caminho estreito –, cortando o nevoeiro e a chuva até parar onde os outros veículos estacionaram, próximo da Capela de Santa Justa.

Bombeiros e elementos da Protecção Civil saem das viaturas e reúnem-se para discutirem a operação. Membros da operação contam ao PÚBLICO que o helicóptero do INEM, que caiu no sábado à tarde na zona de Valongo, quando regressava de uma missão de transporte de uma doente grave de Bragança para o Porto, estaria próximo daquela área.

Teriam sido encontrados alguns destroços que se acreditava serem resultado do despenhamento. As condições atmosféricas e a visibilidade, àquela hora, não eram as melhores, o que dificultou operação. As autoridades cercariam o perímetro, ali ninguém exterior à operação entraria.

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Paulo Pimenta

Morreram as quatro pessoas a bordo. "Há a lamentar a morte dos ocupantes, os nossos colegas Luís Vega (médico) e Daniela Silva (enfermeira), bem como dos pilotos João Lima (comandante) e Luís Rosindo (co-piloto)", disse o INEM numa mensagem aos trabalhadores.

A confirmação oficial dos quatro mortos só surgiria já na ARCA, perto das 2h, em conferência de imprensa. O comandante distrital da Protecção Civil do Porto, Rodrigues Alves, confirmou as suspeitas anteriores – apenas se esperava que o protocolo a seguir neste tipo de incidentes fosse cumprido (as famílias das vítimas teriam de ser avisadas antes de ser veiculada qualquer comunicação oficial).

A aeronave do INEM do modelo Agusta A109S, que estava a ser operado pela empresa Babcock, uma multinacional britânica que trabalha para os serviços de emergência médica desde 2000, tinha sido encontrada a 700 metros a sul da Capela de Santa Justa, perto da aldeia de Couce.

Os quatro tripulantes foram encontrados sem vida. Dois dos corpos estavam dentro da cabine do helicóptero. Os outros estavam no exterior, junto ao mesmo. A área onde a aeronave foi encontrada ficou vedada a qualquer elemento estranho aos trabalhos de levantamento dos corpos e remoção dos destroços.

Foi nessa área que se mantiveram durante toda a madrugada parte dos 135 operacionais e dos 35 veículos destacados para a operação. Os outros elementos iam descansando e alimentando-se no bar da ARCA. Ao PÚBLICO, cerca das 5h, membros da operação disseram que os corpos das vítimas mortais ainda continuam no local. Serão retirados depois de amanhecer.

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Paulo Pimenta

A Polícia Judiciária conseguiu localizar o helicóptero através da geolocalização do rádio SIRESP a partir da identificação dos telemóveis, revelou neste domingo o secretário de Estado da Protecção Civil. 

Em declarações logo após a confirmação dos quatro óbitos, José Artur Neves, que esteve no local acompanhado pela secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, descreveu de que forma foi possível encontrar os destroços da aeronave, na Serra de Santa Justa. "Houve várias averiguações por parte da PJ no sentido de identificar os telemóveis das vítimas e conseguiu-se uma coordenada clara a partir do momento em que se identificou o rádio SIRESP, que estava presente na aeronave", explicou o governante citado pela agência Lusa. 

Responsabilidades por apurar

Foi na Associação Recreativa e Cultural da Azenha, que, ao longo da madrugada, se foram juntando alguns residentes das imediações. Dizem ter ouvido o som de uma explosão cerca das 18h30 de sábado. Há quem afirme ter contactado o INEM pouco depois dessa altura, dado que o secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves, que foi ao local, não confirma.

Porém, adianta que o hiato temporal entre a última comunicação emitida pelo helicóptero, cerca das 18h15, e o alerta que chegou à Protecção Civil, às 20h15 – cerca de duas horas de intervalo –, foi notado. Sublinha ainda o facto de a aeronave não ter emitido um alerta, facto que é preciso "investigar".

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A ministra da Saúde esteve no local Paulo Pimenta

"Mas também todos outros procedimentos associados terão de ser investigados e objecto das necessárias auditorias e relatórios respectivos", acrescentou José Artur Neves citado pela Lusa. Apesar da "polémica que está a existir", o secretário de Estado enfatizou que a "Protecção Civil funcionou" ao mesmo tempo que afirmou desconhecer que os bombeiros "tenham sido avisados primeiro que a Protecção Civil".

O comandante distrital da Protecção Civil do Porto, Carlos Alves, diz desconhecer se os bombeiros terão sido avisados antes das 20h15 e se existiram buscas antes de o alerta chegar à Protecção Civil.

Às 4h, a ministra da Saúde, Marta Temido, presente no local, lamentou a morte dos quatro tripulantes, enviando condolências aos familiares.

Às 6h30, a base montada na ARCA foi transferida para próximo da Capela de Santa Justa, onde durante o dia de domingo continuará a operação de remoção dos destroços.

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