Nova vida do Hospital do Desterro talvez comece em meados de 2019

O projecto que visa transformar o Desterro num “território experimental aberto ao mundo” devia estar pronto há cinco anos. Empresa responsável espera que seja no próximo.

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O hospital encerrou em 2006 CARLOS LOPES/Arquivo

Desde há algum tempo que as obras já correm no edifício do antigo Hospital do Desterro, em Lisboa, que se vai transformar num espaço polivalente com alojamento, zonas para trabalho e eventos culturais. O projecto tem sido marcado por sucessivos atrasos, mas prevê-se agora que o grande prédio cor-de-rosa junto à Almirante Reis possa abrir lá para Setembro do próximo ano.

“Ainda que neste momento seja precoce avançar com datas definitivas, temos a pretensão de abrir portas no terceiro trimestre de 2019, talvez com um arranque parcial, dependendo obviamente da evolução das obras de adaptação do espaço”, diz Susana Pais, da Mainside, empresa responsável pelo projecto.

Desde Maio de 2013 que se ouve falar da reabilitação do antigo hospital, encerrado pelo Governo em 2006 apesar da contestação então havida. Vendido pelo Estado à Estamo, a imobiliária do Estado, por 9,24 milhões de euros, o equipamento foi objecto de um protocolo entre a Mainside, a câmara de Lisboa e a Estamo com vista à sua exploração.

Embora em 2013 se apontasse o fim desse ano como data previsível para o fim dos trabalhos e a abertura do novo conceito, as obras têm-se atrasado sucessivamente.

“O projecto, desde a sua génese, já sofreu algumas alterações, sobretudo porque tendo em consideração o período alargado entre a discussão, negociação e esta última fase de implementação passaram-se alguns anos”, afirma Susana Pais. “Se por um lado foi um pouco frustrante, por outro lado permitiu uma melhor maturação sobre o conceito e naturalmente permitiu algumas adaptações”, explica.

Sem revelar pormenores sobre essas alterações, Susana Pais diz que se mantém a ideia de criar “uma área de alojamento” inspirada no convento que funcionou naquele mesmo imóvel até 1834, ano de extinção das ordens religiosas em Portugal. “Uma das componentes fortes do projecto terá precisamente o foco na recuperação da história do edifício, que remonta ao período de ocupação da ordem de Cister”, acrescenta a responsável, que diz não querer “dar muitos detalhes para ser surpresa”.

A par disso, haverá ainda “um alojamento mais aberto com ocupação na íntegra de uma grande nave, com espírito um pouco mais descontraído e mais aberto”, diz Susana Pais.

Em 2013, quando o protocolo foi assinado, a câmara de Lisboa dizia que o antigo hospital ia passar a ser um “território experimental aberto ao mundo”, uma “âncora fundamental para a regeneração e revitalização de toda a área”. Passados cinco anos, durante os quais o eixo entre o Martim Moniz e o Intendente mudou consideravelmente, o propósito continua a ser o de “abrir o edificado – que em termos de arquitectura é magnífico – à cidade, para que todos possam usufruir dele”, diz Susana Pais.

“Habitar e trabalhar numa cela, cultivar uma horta urbana, frequentar um clube, almoçar num refeitório ou assistir a uma aula, entre muitas outras experiencias desenvolvidas por várias empresas e organizações” – eram outros exemplos referidos em 2013 de coisas que se poderiam fazer no espaço.

A Mainside foi a responsável pela criação da Lx Factory, em Alcântara, que vendeu há cerca de um ano ao grupo francês Keys Asset Management. A empresa sempre disse que o Desterro era um projecto diferente mas que nele se inspirava. “Teremos várias áreas de negócio que funcionarão como complemento, mas que à semelhança de outros projectos que temos desenvolvido, como seja a Pensão Amor, Lx Factory ou Rio Maravilha, primem pela diferença”, conclui Susana Pais.

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