Cardeal George Pell, terceira figura do Vaticano, condenado por abusos sexuais

Notícia foi avançada pelo site norte-americano Daily Beast. Jornais australianos estão impedidos de publicar pormenores do julgamento e queixam-se de "censura".

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George Pell quando foi feito cardeal, com João Paulo II, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em Outubro de 2003 Osservatore Romano/Reuters

O cardeal George Pell, o terceiro mais importante na hierarquia do Vaticano, terá sido considerado culpado de duas acusações de abuso sexual de menores na Austrália, segundo o site norte-americano Daily Beast. Na quarta-feira, Pell foi afastado pelo Papa Francisco do influente Conselho de Cardeais.

George Pell, de 77 anos, responsável pelas finanças do Vaticano, encontra-se suspenso dessas funções devido ao escândalo. Saiu de Roma no Verão de 2017 para começar a ser julgado em Melbourne, no seu país natal.

Na quarta-feira, soube-se que foi afastado do Conselho de Cardeais do Papa, um importante órgão do Vaticano criado em 2013 e que era constituído por nove elementos. Com George Pell saíram também os cardeais Francisco Errázuriz Ossa, do Chile, e Laurent Pasinya, do Congo.

Com estas saídas, o Conselho de Cardeais passa a funcionar apenas com seis elementos, já que o Papa "não vai nomear outros cardeais para o seu lugar", disse na quarta-feira o director da sala de imprensa da Santa Sé, Greg Burke.

"Já em Outubro, o Papa tinha escrito aos três cardeais em causa, os mais velhos do grupo, agradecendo-lhes pelo seu trabalho", acrescentou Burke, citado pela agência Ecclesia.

Para além de George Pell, também o chileno Francisco Errázuriz Ossa se viu envolvido no escândalo de abusos sexuais na Igreja Católica – foi acusado de esconder as denúncias de abuso sexual contra o padre chileno Fernando Karadima.

O cardeal congolês Laurent Pasinya, de 79 anos, não está relacionado com o escândalo de abusos sexuais.

"Censura" na Austrália

O julgamento de George Pell está envolto em secretismo e os jornais australianos estão proibidos de publicar notícias sobre os seus desenvolvimentos.

O país tem uma lei antiga que pode ser usada para travar a publicação de notícias sobre um determinado julgamento – o objectivo, hoje em dia mais difícil de alcançar, era o de impedir que a visibilidade desse julgamento contribuísse para influenciar o desfecho.

Os órgãos de comunicação australianos estão obrigados a cumprir essa ordem do tribunal nos próximos meses, já que George Pell será julgado por outra acusação de abuso sexual de menores no próximo ano. O tribunal considera que as notícias sobre o desfecho do actual julgamento podem influenciar o decurso do próximo.

Nesta quinta-feira, o jornal australiano Herald Sun saiu com uma primeira página a negro e com a palavra "CENSURADA".

"O mundo está a ler uma história muito importante que é relevante para os vitorianos. O Herald Sun está proibido de publicar pormenores desta notícia importante", escreve a direcção do jornal de Melbourne, no estado de Victoria.

A notícia a que o Herald Sun faz referência foi avançada esta semana pelo site norte-americano Daily Beast, que considera não estar abrangido pela ordem do tribunal australiano.

Segundo o site, o cardeal George Pell foi considerado culpado das acusações de abuso sexual contra dois menores, na década de 1990, e fica a aguardar o anúncio da pena a que será condenado.

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