Catarina Martins defende "apoio directo e diálogo" com os bombeiros

"Corporações de bombeiros e associações humanitárias de bombeiros são essenciais no país", disse a coordenadora do Bloco de Esquerda durante um almoço-convívio na manhã deste domingo. Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu que "não há sistema de Protecção Civil sem os bombeiros"

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nuno ferreira santos

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defendeu este domingo, numa reacção à decisão da Liga dos Bombeiros Portugueses de abandonar a estrutura de Protecção Civil, que é preciso haver "apoio directo e diálogo concreto".

"Fechar portas de diálogo nunca é maneira de resolver o assunto. As corporações de bombeiros e associações humanitárias de bombeiros são essenciais no país. E, portanto, eu julgo que apoio directo e diálogo concreto é o que pode vir a resolver a situação", declarou Catarina Martins aos jornalistas, durante um almoço-convívio do BE, em Lisboa.

A coordenadora do BE defendeu que "não haverá uma estrutura de Protecção Civil que funcione sem a presença dos bombeiros" e manifestou "a certeza de que o Governo compreende como são essenciais os bombeiros à Protecção Civil".

"Também não temos dúvidas de que é preciso fazer algumas mudanças, porque as próprias corporações de bombeiros têm vindo a exigir essas mudanças — por exemplo, poder ter os apoios directamente", acrescentou.

A esse respeito, referiu que "agora no Orçamento do Estado [para 2019], por proposta BE, foi aprovado que o apoio a que os bombeiros têm direito por irem combater fogos por todo o país passa a ser pago directamente às corporações de onde vêm esses bombeiros".

No seu entender, "é por propostas como estas que pode haver uma solução" e esse "pode ser um primeiro passo para resolver o problema".

Segundo a coordenadora do BE "há nos bombeiros voluntários, para além das questões do combate, da articulação, da organização, também uma sensação de que muitas vezes os apoios não lhes chegam, de que há intermediários a mais e diálogo a menos".

"O BE defende que é sobretudo necessário o diálogo para chegar às melhores soluções possíveis", frisou.

Catarina Martins mencionou, contudo, que "há várias estruturas dos bombeiros, a Liga é uma delas, seguramente representativa, mas não a única".

A Liga dos Bombeiros Portugueses anunciou no sábado, em Santarém, através do seu presidente, Jaime Marta Soares, a decisão de "abandonar de imediato" a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), num "corte radical" em protesto contra os diplomas aprovados pelo Governo sobre as estruturas de comando.

Jaime Marta Soares comunicou também que o Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Voluntários aprovou "por unanimidade e aclamação de pé" a decisão de suspender toda a informação operacional aos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS).

Face à notícia da saída da Liga dos Bombeiros da ANCP, no sábado, em Vila Real, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu que "não há sistema de Protecção Civil sem os bombeiros, sem o reconhecimento do seu papel e lugar na coordenação para defender bens e pessoas".

Hoje, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, acusou este domingo a Liga dos Bombeiros Portugueses de ser "absolutamente irresponsável" ao abandonar a ANPC podendo colocar em causa a segurança das pessoas.