Saga Libertadores terá, em Madrid, o último capítulo

River Plate e Boca Juniors disputam, este domingo, no Santiago Bernabéu, a segunda mão da final da maior competição de clubes da América do Sul.

Foto
Ataque ao autocarro do Boca Juniors motivou transferência da final para Madrid Agustin Marcarian / Reuters

É com mixed feelings que os adeptos argentinos olham para a final da Taça Libertadores, disputada este domingo, entre River Plate e Boca Juniors. Empurrado para Madrid devido à falta de segurança na capital argentina, o derradeiro encontro da maior competição de clubes da América do Sul terá como palco o Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid, naquela que é a cidade do mundo com maior número de imigrantes argentinos. O pontapé inicial será às 19h30, hora portuguesa. O empate da primeira mão (2-2) deixou tudo em aberto, devido à inexistência da regra do golo fora na final da prova.  

“Devíamos estar a falar que o Boca e o River foram as duas melhores equipas da Libertadores, e da forma como estão a colocar a Argentina no mais alto pedestal possível. Em vez disso estamos a falar da violência”, lamentou Guillermo Schelotto, treinador do Boca Juniors, na conferência de imprensa de antevisão ao encontro de domingo. Sobre a partida, o técnico "xeneize" espera que, ao contrário do encontro da primeira mão, as equipas reforcem o sector defensivo, procurando não sofrer qualquer golo: “Imagino que vai ser um jogo mais fechado do que no La Bombonera. Também me parece que o estádio do Real Madrid incentivará os jogadores a dar o melhor de si”.

Foto
Irmãos que torcem por diferentes clubes fizeram a viagem até Madrid JAVIER BARBANCHO / REUTERS

O outsourcing do jogo da Libertadores acontece na última edição em que a final é disputada a duas mãos. Na próxima temporada, a competição será decidida em 90 minutos, disputados em campo neutro. No início da semana, Marcelo Gallardo lamentou a decisão tomada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL): “Um dia vamos repensar aquilo que aconteceu e vamos achar que foi uma vergonha. A nossa preparação mudou, vamos jogar a dez mil quilómetros de distância [de Buenos Aires]. A Copa Libertadores da América. Roubaram os adeptos argentinos”.

No Bernabéu, cada equipa terá direito a 25 mil lugares, mas apenas cinco mil ingressos foram disponibilizados na Argentina, como medida para impedir a participação dos barra bravas, grupos de adeptos organizados argentinos. Foram, inclusive, meia dúzia de membros da claque afecta ao River Plate os responsáveis pelo adiamento da final, que contará com um forte contingente de segurança composto por três mil efectivos.

Foto
O relvado do Bernabéu mereceu atenção na semana que antecedeu a final Juan Medina / REUTERS

A 24 de Novembro, dia da segunda mão, o autocarro que transportava a comitiva do Boca Juniors foi atacado por adeptos dos "millonarios". Pedras, garrafas e outros objectos partiram várias janelas do autocarro da equipa "xeineze", factor que permitiu a entrada de gás pimenta utilizado pela polícia para dispersar os adeptos do River Plate. Vários jogadores inalaram o gás incapacitante. Pablo Pérez, médio do Boca Juniors, foi atingido por estilhaços de vidro no olho esquerdo, necessitando de receber tratamento hospitalar. “Atiraram-nos de tudo”, revelaram membros da equipa técnica do Boca Juniors após a chegada ao estádio.

A partir do incidente começou a novela que marcou as duas semanas que antecederam a partida. Logo após o ataque ao autocarro, o Boca deixou claro que faria tudo ao seu alcance para que o jogo fosse decidido na secretaria. Depois foram os próprios "millonarios" a exigir que a final fosse no Monumental de Nuñez. Por fim, os rivais de Buenos Aires aceitaram o poder de arrasto do íman económico que os puxava para o Santiago Bernabéu, cedendo às ordens da CONMEBOL.

Na primeira — e histórica — final da Libertadores entre os rivais de Buenos Aires, o holofote está apontado para fora das quatro linhas. A Argentina cruza os dedos para que, este domingo, se mostre ao mundo a verdadeira essência do futebol sul-americano. Os verdadeiros adeptos do desporto-rei anseiam isso. E os jogadores também.

Sugerir correcção
Comentar