Portugal com "passe VIP" no sorteio do Euro 2020

Pote especial da Liga das Nações garante algumas regalias à selecção portuguesa, que ficará a conhecer o caminho a percorrer para chegar ao próximo Europeu.

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Fernando Santos LUSA/ESTELA SILVA

A fase final do Campeonato da Europa de 2020, que se irá disputar em 12 países – entre 12 de Junho e 12 de Julho – começa neste domingo (11 horas) a ganhar forma com a realização do sorteio referente à fase de qualificação, agendado para Dublin, na Irlanda. Portugal vai estar integrado numa espécie de "pote VIP", com algumas regalias, destinado aos finalistas da Liga das Nações.

Apesar da dispersão geográfica proposta pelo inédito formato do Euro 2020 – que terá Londres como palco das “meias” e da final, depois de um périplo que inclui a própria capital inglesa e ainda Amesterdão (Holanda), Bilbau (Espanha), Budapeste (Hungria), Copenhaga (Dinamarca), Bucareste (Roménia), Glasgow (Escócia) e Dublin (Irlanda), na fase de grupos, passando por São Petersburgo (Rússia), Munique (Alemanha), Baku (Azerbaijão) e Roma (Itália), nos quartos-de-final (as 12 cidades da competição) – a condição de anfitrião encabeça um amplo leque de restrições impostas pela UEFA para o alinhamento do sorteio, onde estarão 55 nações candidatas a uma das 24 vagas da fase final.

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As vantagens da Liga das Nações

Os quatro finalistas da Liga das Nações – entre os quais figura Portugal – terão direito a um tratamento privilegiado e que implica, em caso de falharem um dos dois primeiros lugares dos respectivos grupos (que garantem a qualificação directa), terem vaga garantida nos play-off para atribuição dos últimos quatro “bilhetes”.

Há ainda outra benesse: Portugal, Inglaterra, Holanda e Suíça (que formam o pote da Liga das Nações) encabeçarão quatro (A, B, C e D) dos cinco grupos que serão constituídos por cinco selecções nacionais. O Grupo E (por imperativos matemáticos) terá igualmente cinco selecções, enquanto os restantes cinco grupos serão formados por seis “equipas”.

Tudo por uma razão de logística, já que as meias-finais, atribuição de 3.º e 4.º lugares e a final da Liga das Nações (jogos agendados para o início de Junho), coincidem com a segunda e terceira rondas da qualificação para o Euro 2020, evitando-se assim a sobreposição de datas no calendário da UEFA.

Com efeito, os 55 países presentes no sorteio serão catalogados de acordo com o respectivo ranking (de 21 de Novembro, determinado pela Liga das Nações) e preencherão sete potes que darão origem aos dez grupos.

As equipas do pote 1 encabeçarão os grupos de E a J, começando a partir daí o preenchimento das restantes posições, obviamente por ordem determinada pelas hierarquias.

A geopolítica da UEFA

De forma a não correr o risco de gerar um fenómeno de desertificação nos palcos que acolhem o campeonato, houve o cuidado de limitar a dois (por grupo) o cruzamento entre os países “residentes”. É a primeira de várias condicionantes.

A UEFA elaborou mesmo uma lista de restrições a aplicar em caso de necessidade. A primeira é de cariz político, a impedir os seguintes emparelhamentos: Espanha/Gibraltar, Bósnia-Herzegovina/Kosovo e Kosovo/Sérvia. Caso o sorteio dite um destes encontros, a equipa sorteada será colocada no primeiro grupo disponível por ordem alfabética.

O clima e a geografia foram igualmente contemplados na lista de reservas colocadas pela UEFA, que identificou os países de médio e alto risco no que diz respeito a condições severas de Inverno. Para mitigar o problema, cada grupo terá no máximo duas selecções desta categoria, havendo ainda três “locais de Inverno intenso” (Ilhas Feroé, Finlândia e Islândia), onde a realização de jogos nos meses de Março e Novembro é inviável. Os outros países de alto e médio risco são a Bielorrússia, Estónia, Letónia, Lituânia, Noruega, Rússia e Ucrânia. Tal como no caso anterior, se o sorteio “disser” o contrário, aplica-se a mesma regra (passar para o primeiro grupo disponível por ordem alfabética).

Ainda sob restrição, encontram-se os casos que impliquem deslocações demasiado longas, tendo sido elaborada uma lista de incompatibilidades, com cada grupo a não poder albergar mais do que dois destinos de risco, nomeadamente o Cazaquistão, o Azerbaijão e a Islândia.

As selecções a “proteger” de viagens excessivas são Andorra, Inglaterra, França, Islândia, Malta, Irlanda do Norte, Portugal, República da Irlanda, Escócia, Espanha e País de Gales em deslocações ao Cazaquistão (Astana). Caso a rota mude para Baku (Azerbaijão), os países a salvaguardar serão Islândia e Portugal. Por último, as selecções da Arménia, Chipre, Geórgia e Israel poderão evitar a Islândia se tal configurar violação à norma estipulada pela UEFA.

À excepção da questão da ressalva política, Portugal poderá tirar proveito do quadro preparado pela UEFA, ainda que possa vir a receber a factura do empate com a Polónia, na Liga das Nações. É que este resultado atirou a Alemanha para o Pote 2, surgindo assim como potencial e indesejado adversário.

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