Chama-se escape the corset ("liberta-te do espartilho”, em tradução livre) e quer libertar as mulheres sul-coreanas dos padrões de beleza irreais a que dizem estar sujeitas diariamente. O movimento tem ganho notoriedade nas redes sociais nas últimas semanas, com dezenas de mulheres a publicar vídeos ou fotos de produtos de maquilhagem destruídos ou retratos de cabelo curto.
Comparam os cosméticos a um espartilho, pois consideram que ambos constringem as mulheres a uma figura homogénea que deve ser feminina e perfeita, característica associada ao sucesso profissional e amoroso.
Segundo os vídeos das muitas mulheres que aderiram à tendência, o objectivo é “esmagar o patriarcado” e “redefinir as percepções de beleza da sociedade”, como refere o portal Korea Exposé. Muitas confessam passar horas em frente ao espelho “acorrentadas” a uma rotina de beleza que as permita encaixar nos padrões de beleza sul-coreanos: pele pálida e macia, lábios cor-de-rosa delicados e proporções de cabeça e corpo perfeitas.
Por exemplo, o vídeo da youtuber de beleza Lina Bae, intitulado I am not pretty, conta já com mais de cinco milhões de visualizações. Nele vê-se a jovem a colocar vários produtos de maquilhagem e pestanas postiças, enquanto no ecrã aparecem alguns dos comentários que já recebeu sobre a sua aparência.
Alguns dos exemplos são “a tua face sem maquilhagem é um terror para os meus olhos” ou “a tua pele não é boa para mulheres”. No final, a youtuber retira todos os produtos e conclui: “Eu não sou bonita, mas não faz mal. Tu és especial da maneira que és.”
A Coreia do Sul é a capital da cirurgia plástica — cerca de um terço da população feminina diz já ter feito algum tipo de modificação cirúrgica ao seu rosto ou corpo, segundo o The Guardian. É também o berço da k-beauty (beleza coreana), termo popular que designa as várias linhas de produtos de cuidados de pele sul-coreanos que têm proliferado por países como os Estados Unidos, Inglaterra e até Portugal. Em Agosto, as sul-coreanas também foram notícia quando saíram em protesto contra o fenómeno molka, pornografia feita com recurso a câmaras escondidas.