Óscar conquistou para Bragança um “Prémio Nobel da Gastronomia”

As reacções dos novos chefs galardoados com estrelas Michelin passam por duas palavras-chave: orgulho e reconhecimento.

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Óscar Gonçalves, do Restaurante G DR
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A Gala Michelin realizou-se pela primeira vez em Lisboa Miguel Manso
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A Gala Michelin realizou-se pela primeira vez em Lisboa Miguel Manso

O chef Óscar Gonçalves não faz a coisa por menos: o seu Restaurante G, em Bragança, conquistou “um Prémio Nobel da Gastronomia”. Já depois de ter ficado a saber que levará para o Nordeste do país uma estrela Michelin, mostrou-se muito orgulhoso com o feito que alcançou. “Sinto muito orgulho na minha mãe e no meu pai, no meu irmão, que me ensinaram muito no percurso que tracei, e também numa região.” “O Norte está a ficar desertificado” e o facto de Óscar e a família se terem mantido sempre na região de Bragança - os pais são donos do restaurante Geadas, uma referência local - mostra que ainda há esperança. “Nós ficámos sempre e conseguimos atingir um objectivo, um Prémio Nobel da Gastronomia. E agora pusemos a nossa cidade no mapa por boas razões.” 

Vindo de “uma família de restauradores” - “eu e o meu irmão nascemos no meio dos tachos, das panelas e dos clientes” -, Óscar Gonçalves pratica agora uma cozinha que obedece ao mote “eat and drink local”. “Trabalhamos com produtos locais e sazonais e bebemos do que é a gastronomia de Trás-os-Montes.”

É também de orgulho que fala António Loureiro. “Minhoto como sou, estou muito orgulhoso por levar a estrela para Guimarães. E imensamente agradecido, aos clientes, fornecedores e a toda a minha equipa”, comentou o chef d'A Cozinha. 

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António Loureiro, A Cozinha Hugo Santos

Já Pedro Almeida assume que o galardão conquistado pelo seu restaurante Midori, no Hotel Penha Longa, em Sintra, tem um significado especial por ser a primeira estrela atribuída a um restaurante asiático em Portugal. Mas também por ser o reconhecimento de que é possível “fazer coisas diferentes daquilo que é a cozinha tradicional [portuguesa] com a mesma qualidade com que são feitas lá fora”. E não recusa a possibilidade de conquistar mais estrelas no futuro. “Ainda temos potencial para chegar mais longe do que isto”, defendeu o chef em declarações à Fugas à margem do evento, assumindo o desejo de “chegar às três estrelas”.

Aberto há 25 anos, o Midori atravessou uma grande mudança em 2017, que Pedro Almeida apelida de terceira geração. “A segunda geração mudou o Midori de um restaurante 90% tradicional para um restaurante com muitas influências do mundo. Quando nós achámos que tínhamos massa crítica criativa e uma equipa que conseguisse transformar o restaurante numa coisa ainda melhor, resolvemos transformá-lo numa coisa mais pequenina, com uma cozinha muito mais atenta ao pormenor, muito mais nossa, única e criativa.” O novo Midori – que representou uma clara aposta na corrida às estrelas Michelin – tem uma sala bastante mais pequena (80 metros quadrados, sete mesas, num total de 18 lugares), permitindo que as atenções se concentrem nos pratos e na encenação em torno do serviço.

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Pedro Almeida, Midor Oxana Ionin

Ao falar do percurso profissional, Pedro Almeida recordou o casal Paulo Morais e Ana Lins, com quem encontrou “este chamamento para o japonês” e que diz terem-lhe ensinado “quase tudo” o que hoje sabe sobre a cozinha japonesa.

Henrique Sá Pessoa, que conquistou a sua segunda estrela para o Alma, confessa que começou a ouvir “alguns boatos” ao início da tarde desta quarta-feira. “Mas já no passado houve boatos que não se concretizaram, por isso tentei manter a calma e gerir essa expectativa, vir para a gala tranquilo.” Quando chegou houve quem quisesse dar-lhe os parabéns, mas o chef do Alma acredita que “enquanto não tiver o bordado no casaco”, não tem nada.

Os boatos acabariam por se concretizar e o Alma conquistou a segunda estrela. “Fico obviamente muito contente, sobretudo por todo o grupo de trabalho que está por trás”, diz. Não sabe exactamente, mas pensa que terá tido umas três ou quatro visitas de inspectores ao longo do ano. “Sei que para a segunda estrela são necessárias no mínimo três visitas.” Aconteceu rapidamente, reconhece, mas lembra que antes do novo Alma, no Chiado, houve um trabalho do Alma ainda em Santos que também contribuiu para o resultado final.

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Henrique Sá Pessoa, Alma Rui Gaudêncio

Para já não quer ainda pensar numa terceira estrela para o seu restaurante, mas mostra-se convicto de que no próximo ano algum dos restaurantes portugueses que já têm duas estrelas conquistará a terceira, “sobretudo o Hans [Neuner, do Ocean, Vila Vita Parc] e o Avillez [Belcanto]”. “O bonito do momento que estamos a viver na gastronomia portuguesa é que estamos a evoluir muito. Tenho a certeza que os que têm uma estrela estão mais perto da segunda e os que têm duas estão mais perto da terceira do que de perder alguma.”

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