A Direcção-Geral da Saúde (DGS) anunciou nesta quarta-feira que foram notificados 14 casos de sarampo desde o início do mês, dos quais dez foram confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Os casos foram todos registados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Trata-se de dois surtos distintos, "ambos com origem em casos de doença importados de países europeus", diz a DGS em comunicado.

Até agora, todos os casos detectados dizem respeito a adultos, um dos quais se encontra internado e clinicamente estável.

Este é, para já, um surto menor do que aquele detectado em Fevereiro deste ano. Desse período até Junho foram confirmados 112 casos de sarampo, 107 dos quais em residentes na região Norte, dois na região Centro e três na região de Lisboa e Vale do Tejo.

O surto do início do ano não tinha as características de um surto clássico. A população afectada por este surto estava vacinada e por isso tinha a doença "muito modificada, muito ténue, com um risco quase zero de transmissão", explicou a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, numa entrevista ao PÚBLICO em Agosto.

Em Abril de 2017, a morte de uma jovem aos 17 anos, na sequência de uma pneumonia bilateral, foi a primeira em muitos anos provocada pelo sarampo. A adolescente não estava vacinada. 

A doença, que estava praticamente erradicada em Portugal desde 1994 e cuja eliminação tinha sido reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Verão de 2016, está agora a reaparecer na Europa, devido aos pais que optam por não vacinar as crianças. Apesar de existirem alguns "movimentos de hesitação", nas palavras de Graça Freitas, Portugal é um dos países europeus com maior taxa de vacinação com duas doses.

Ainda assim, a morte por sarampo voltou a colocar a doença altamente contagiosa na agenda, reabrindo o tópico da vacinação. À data, o então director-geral da Saúde, Francisco George, apelava à população para que confiasse na ciência. 

Entre as vozes críticas à opção de não vacinar crianças está o pediatra Mário Cordeiro, que lamenta a negligência dos pais que não vacinam os seus filhos, considerando que deviam ser responsabilizados pelas consequências dos seus actos. 

Sintomas de sarampo

Na descrição da sintomatologia da doença, a DGS informa que o vírus do sarampo é transmitido por contacto directo com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infectada tosse ou espirra. Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea.

Os sintomas aparecem geralmente entre dez a 12 dias depois de a pessoa ser infectada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal.

A Direcção-Geral da Saúde aconselha a vacina a todas as pessoas que vão viajar ou participar em eventos internacionais. A vacina é gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação do Serviço Nacional de Saúde.