Borba accionou plano municipal de emergência. Drenagem de água das pedreiras está em curso
Protecção Civil está à procura das viaturas submersas, apelando à cautela relativamente ao número de pessoas que possam estar desaparecidas.
A Câmara de Borba accionou esta quarta-feira o Plano Municipal de Emergência, dois dias depois do deslizamento de terras junto a pedreiras que levou ao colapso do troço de uma estrada, provocando, pelo menos, dois mortos. Três pessoas continuam desaparecidas. As operações nas pedreiras foram retomadas antes das nove da manhã, estando a decorrer a drenagem de água acumulada e os trabalhos para detectar as viaturas submersas. A Polícia Judiciária (PJ) está a ajudar o Ministério Público na investigação às circunstâncias do acidente.
O accionamento do plano municipal de emergência surge na sequência das “instruções recebidas” por parte do comandante distrital de Operações de Socorro de Évora, José Ribeiro, afirmou o presidente da Câmara de Borba, António Anselmo.
O autarca, eleito por um movimento independente, garantiu que “tudo aquilo que é necessário” da parte da câmara “está a ser perfeitamente cumprido”. Este instrumento, disse António Anselmo aos jornalistas durante o ponto de situação feito pela Protecção Civil, esta quarta-feira às 12h, será importante para apoio logístico à operação de resgate. É necessário, por exemplo, “um local para as pessoas comerem em condições, um local para tomarem banho”.
Foi esta segunda-feira, pouco antes das 16h, que um deslizamento de terra da estrada provocou “a deslocação de uma quantidade muito significativa de rochas, de blocos de mármore e de terra” para o interior de pedreiras contíguas. Foram arrastados uma retroescavadora e dois automóveis. O corpo de uma das vítimas mortais foi esta terça-feira recuperado. Três pessoas estão ainda desaparecidas.
As operações foram retomadas esta quarta-feira, por volta das 8h40, depois de terem sido suspensas na noite anterior. Foi instalada uma mangueira de 400 metros para drenar a água de um dos poços onde se encontra o corpo da segunda vítima confirmada, com recurso a uma motobomba.
Em simultâneo, decorrem trabalhos para detectar as viaturas submersas, revelou a Protecção Civil. “Estamos a efectuar a drenagem do local da pedreira onde os trabalhadores se encontravam a trabalhar e, em simultâneo, já estamos a executar uma manobra de busca para tentarmos detectar as viaturas na pedreira adjacente”, ou seja, “aquele local onde ocorreu o deslizamento mais significativo de massa”, disse o comandante distrital de Operações de Socorro de Évora, José Ribeiro.
Operações “morosas”
O responsável realçou que a drenagem da água que se encontra nas pedreiras é “um ponto fundamental”, que dará aos operacionais no terreno “melhores condições de reconhecimento e de trabalho”. No entanto, sublinhou, que através desta acção não quer que sejam criados outros problemas, nomeadamente sobre o local para onde a água está a ser drenada.
Depois da drenagem, está a ser planeado o uso de máquinas para ajudar nas operações de desobstrução.
Relativamente às viaturas que foram arrastadas na sequência do colapso da estrada, José Ribeiro explicou que as autoridades não têm mais informações do que aquelas que foram já fornecidas por familiares e populares. “É uma informação que nós temos que consolidar ao longo dos dias para ter aqui alguma certeza e, portanto, toda a cautela relativamente ao número de viaturas e muito maior cautela em relação ao número de pessoas que aí possam estar”, alertou.
No mesmo encontro com os jornalistas, José Ribeiro relatou que as operações de resgate estão a evoluir “conforme planeado”, embora sejam “morosas" e a decorrer em condições de “segurança limite”. O comandante distrital reconheceu que “todos” gostariam que estas operações fossem “mais céleres”, mas a complexidade e as condições de segurança das acções “exigem toda a cautela, em todos os momentos”.
O inquérito instaurado na terça-feira pelo Ministério Público às circunstâncias do acidente levou, esta quarta-feira, uma equipa da PJ ao local para investigar.