Estes são os 71 locais de risco grave de inundações em Portugal continental
Agência Portuguesa do Ambiente concluiu o levantamento. E alerta para "o aumento da frequência de eventos extremos".
Existem, em Portugal continental, 71 locais de risco grave de inundações. O levantamento é feito pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no relatório Avaliação preliminar do risco de inundações em Portugal continental, que está em consulta pública.
Em termos de zonas, a de maior risco é a do Tejo e zona oeste, seguindo-se as regiões do Vouga, Mondego e Lis e a das ribeiras do Algarve. Com este levantamento concluído, cada concelho deve proceder à elaboração de planos de gestão de risco, em conjunto com a Protecção Civil, sendo que a delimitação das áreas de inundação será feita ao longo de 2019, “mediante a simulação matemática de eventos de inundação”.
Os dados revelam ainda que os concelhos mais vulneráveis são oito: Vila Real de Santo António, Lourinhã, Torres Vedras, Alcobaça, Figueira da Foz, Chaves, Esposende e Braga. Estes têm dois ou mais locais críticos, quer pelo risco de inundação provocada pela precipitação e aumento do nível das águas fluviais quer pelo risco costeiro. Dos 71 pontos assinalados pela APA, apenas 13 se situam na costa.
Para chegar a estas conclusões, a APA analisou também todas as grandes inundações desde 2011 e concluiu que os 303 eventos registados foram provocados principalmente por forte precipitação, subida dos rios e deficiente drenagem. Em Portugal, o mar não é um dos grandes motivos de preocupação.
Outras quatro chamadas “áreas de risco potencial significativo de inundação” dizem respeito a zonas transfronteiriças: no rio Minho (Monção e Valença), no rio Tâmega (Chaves) e no rio Guadiana (Vila Real de Santo António). “No caso de Portugal, em que as bacias internacionais representam cerca de 63% do território nacional, o carácter transfronteiriço dos problemas das inundações tem sido sempre tido em conta e assim também a necessária colaboração com Espanha”, lê-se.
E o que são inundações graves para a APA? “São aquelas que pelos seus efeitos negativos podem provocar a perda de vidas, a deslocação de populações, danos no ambiente e no património cultural, ser prejudiciais para a saúde humana, comprometer o desenvolvimento económico e prejudicar todas as actividades da comunidade.”
O país vai, porém, continuar a conviver com inundações — “Algumas das medidas preconizadas não se traduzem numa eliminação da possibilidade de ocorrência de inundações, mas antes na redução do risco que lhes está associado, quer em termos de saúde e vidas humana quer em termos de bens materiais.” O objectivo é estar mais bem preparado para um fenómeno que tem estado a mudar, fruto das alterações climáticas. “A tendência de concentração da precipitação em períodos mais curtos deverá traduzir-se também num aumento da frequência de eventos extremos, com ocorrência de precipitações intensas mais frequentes (diminuição dos períodos de retorno) e, eventualmente, de maior intensidade. Esta situação representa riscos acrescidos, quer no contexto das inundações de origem pluvial, por insuficiências nos sistemas de drenagem urbana para fazer face a estes eventos, quer das inundações fluviais, por insuficiente capacidade de drenagem nas linhas ou eventuais dificuldades na gestão de infra-estruturas hidráulicas a montante.”
Os aumentos de precipitação média, que se admite venham a verificar-se no futuro nos meses de Dezembro a Fevereiro, “serão em grande medida determinados por aumento da frequência de eventos extremos, ou seja, de um maior número de ocorrência de precipitações elevadas concentradas em períodos curtos”, diz a APA. “Face aos efeitos antecipados das alterações ao nível dos padrões de precipitação, é de admitir um aumento do risco de inundações em todo o território.”