"Rui Rio é um líder com provas dadas"

Carlos Moedas acha que os sociais-democratas têm de "dar oportunidade" ao líder do partido.

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Carlos Moedas Daniel Rocha
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Como é que viu a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil?
Vi com grande tristeza, porque gosto muito do Brasil, tenho lá muitos amigos. Vi com muita preocupação um político dizer aquilo que Bolsonaro diz, que nem consigo repetir, porque me sentiria mal. Aquelas frases terríveis, racistas, que chocam qualquer pessoa. Eu vivi isso por dentro, que coisa terrível aquela linguagem.

Na Europa está a constituir-se O Movimento, uma plataforma digital para criar uma estratégia vencedora de todos os partidos populistas e de extrema-direita na Europa nas próximas eleições para o Parlamento Europeu. O objectivo é conquistar um terço dos lugares. O que se vai fazer para impedir isto?
Estou preocupado com o populismo e extremismo europeu, mas não estou preocupado com a capacidade de um Steve Bannon importar aquilo que é o populismo americano. Acho que não vai funcionar. Os populistas europeus são diferentes dos populistas americanos. Os populistas são perigosos no contexto das próximas eleições europeias, mas não se vão organizar à volta de um movimento americano criado por um tal Steve Bannon. Vão-se organizar exactamente como o estão a fazer neste momento, dizendo “nós temos de destruir o sistema, ajudem-nos a destruir o sistema”. E é muito triste viver na Europa e ir ao Parlamento Europeu e ver pessoas cuja única função é destruir o sistema. Ou seja, ganham um salário ao fim do mês para destruir o sistema! E as pessoas votam neles! Esses deputados não fazem relatórios, não fazem trabalho parlamentar, simplesmente estão ali para destruir o sistema.

Acha impossível que os extremistas venham a ser um terço do Parlamento Europeu?
Não sei, é tão difícil prever... Espero bem que não e vou fazer tudo que estiver ao meu alcance...

Para dar uma ajuda aos partidos do centro seria capaz de aceitar ser cabeça de lista do PSD ao Parlamento Europeu, se Rui Rio lhe pedisse?
Responder a estas perguntas quando não fomos convidados é sempre terrível. Aquilo que lhe posso dizer é que não está nos meus planos ser deputado europeu. Fiz o meu trabalho como comissário, gostei imenso, mas não está nos meus planos de vida ser agora deputado europeu. Eventualmente, um dia mais tarde. Os meus planos são agora voltar para Portugal, também por razões pessoais.

Quando é que vai ser candidato a líder do PSD, que é uma coisa de que toda a gente está à espera, a começar pelo Presidente da República?
Não, isso não. O PSD tem um líder com provas dadas... 

E quais são as provas dadas?
Foi um grande presidente da Câmara do Porto. 

E em termos de liderança do PSD?
Acho que temos de dar oportunidade ao líder e temos de nos unir em volta do líder. Como militante do PSD, não gosto de ver tudo aquilo que se passa à volta, aquilo de pensar em quem vão ser os próximos líderes. Isso não interessa agora. Há um líder do PSD, que tem provas dadas como homem, é um homem honesto, com capacidade. Temos de nos unir à sua volta. O que tenho feito até agora é essa união, e não gosto deste ruído, é negativo para a política. 

Em Maio ofereceu-lhe ajuda no que fosse preciso, nomeadamente para mudar a maneira de fazer política. Ele já lhe pediu essa ajuda?
Falámos. É verdade que ele tem os seus afazeres. Mas falámos sobre a Europa, sobre o futuro. Estou sempre disposto a ajudar o presidente do partido

Mas sobre a liderança do PSD disse numa entrevista a Henrique Monteiro, na Renascença: “Sei lá o que vou fazer o futuro.” Portanto, não sabe o que fará no futuro...
Não. Sempre me enganei. Sempre que pensei no que ia fazer no futuro depois fiz algo de muito diferente. Se me perguntar se vou fazer política no futuro, sim. Gosto de política, gosto de contribuir quando vejo que posso contribuir. Gosto de contribuir na política internacional, mas também na política interna. Agora, contribuir na política quando o tempo é para contribuir. Neste momento, estou a contribuir como comissário.

Gostava de continuar a ser comissário?
Essa é uma decisão do primeiro-ministro

Se ele lhe pedisse para ficar, ficava?
Teria de fazer sentido para Portugal. Acho que não é a questão de ser comissário europeu, é qual é a função, o que é esse futuro e saber se eu seria a melhor pessoa para representar Portugal. 

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