SJ desafia Câmara do Porto a apresentar queixa contra a Lusa
Presidente do sindicato considera “muito graves” as acusações feitas pela autarquia a jornalista da agência e afirma que elas visaram atingir a marca Lusa.
A direcção do Sindicato dos Jornalistas condenou as acusações feitas terça-feira pela Câmara do Porto a uma jornalista da agência Lusa pela forma como noticiou a aprovação do orçamento municipal para o próximo ano e desafiou a autarquia a apresentar provas que sustentem que a jornalista cometeu “um acto de censura”.
“A acusação de que a jornalista cometeu um acto de censura é muito grave e aquilo que o Sindicato de Jornalistas espera é que a Câmara do Porto tenha provas para sustentar as acusações que fez", declara a presidente do Sindicato, Sofia Branco, frisando que “as provas não passam por escarrapachar um documento no site, que a Câmara do Porto controla”.
“Se a câmara está tão convicta de que a única agência de notícias do país pratica censura, então deve recorrer aos mecanismos legais de que dispõe e apresentar uma queixa formal”, desafia a presidente do SJ, censurando a “forma leviana” como o município tratou este caso.
Ao PÚBLICO, Sofia Branco realça a dimensão das acusações e diz mesmo que elas “não visaram apenas a jornalista, mas toda a marca Lusa”. “Esta atitude da Câmara do Porto atenta contra o bom nome de um órgão de comunicação social e lança suspeitas sobre ele”, enfatiza a jornalista, que integra os quadros da Agência Lusa.
Sobre o exercício de contabilidade das “545 palavras” que constam da notícia da Lusa mencionadas pela câmara, a direcção do Sindicato dos Jornalistas lamenta-o e lembra que a mesma jornalista na véspera da aprovação do orçamento tinha feito uma notícia de antecipação sobre o documento estratégico da Câmara do Porto para 2019.
Referindo que esta não é a primeira vez que a autarquia, presidida por Rui Moreira, se insurge contra jornalistas da Lusa – em Setembro do ano passado aconteceu um caso idêntico com uma outra profissional da agência –, a presidente do SJ reafirma que “uma acusação de censura põe em causa não apenas a liberdade de imprensa, mas também o clima entre fontes e jornalistas”.