As florestas da Eslovénia e os carvoeiros do Guadiana vencem o Doclisboa

Greetings from Free Forests, de Ian Soroka, e Terra, de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres, são os merecidos vencedores da edição 2018 do certame lisboeta. Festival irá também distribuir Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos em salas no próximo ano.

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Terra, de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres, recebeu o Grande Prémio da Competição Nacional DR
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O Grande Prémio da Competição Internacional foi para Greetings from Free Forests, de Ian Soroka DR

É sob o signo da tradição e da memória que se coloca o palmarés da edição 2018 do Doclisboa. Greetings from Free Forests, do americano Ian Soroka, sobre a memória continuada da Segunda Guerra Mundial inscrita nas florestas da Eslovénia, foi o vencedor de uma boa competição internacional; na competição nacional, foi o retrato paciente das técnicas ancestrais da carvoaria artesanal filmado por Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres em Terra a levar o prémio principal. 

Após o palmarés e antes de passar à exibição do filme de encerramento Infinite Football, do romeno Corneliu Porumboiu, a direcção do Doclisboa anunciou ainda que irá juntar-se à Desforra Apache/O Som e a Fúria na distribuição comercial no nosso país do aclamado filme de João Salaviza e Renée Nader Messora Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos. Vencedor do Prémio do Júri em Un Certain Regard Cannes 2018 e rodado junto dos índios Krahô, o filme chegará às salas portuguesas em Março de 2019.

Greetings from Free Forests e Terra foram dois dos momentos mais altos das secções competitivas do certame, embora – curiosamente – o filme de Soroka tenha sido o primeiro título da competição internacional a ser exibido, e Terra tenha sido o último dos concorrentes portugueses a passar. Escolhas atentas dos júris da competição internacional (Mariana Gaivão, Yael Bartana e Mike Hoolboom, cineastas; Agnès Godard, directora de fotografia; Leo Goldsmith, programador) e da competição portuguesa (Virginia Garcia del Pino, cineasta e académica; Madeleine Molyneaux, produtora; e Rui Catalão, escritor e artista).

Dois outros filmes foram duplamente premiados. A média-metragem de Laura Marques Vacas e Rainhas, sobre uma tradição suíça da cultura de bovinos, recebeu uma menção honrosa do júri da competição portuguesa, bem com o prémio Prática, Tradição e Património (transversal a todas as secções) atribuído pela Fundação INATEL. The Guest, que o suíço Sebastian Weber rodou na Polónia sobre um camponês que acolhe em sua casa gente que necessita de amigos, recebeu o prémio SPA atribuído pelo júri da competição internacional e o prémio de melhor curta-metragem do júri Revelação.

Do concurso português, foram igualmente premiados Terra Franca, o retrato de um pescador de Vila Franca de Xira por Leonor Teles (Balada de um Batráquio) - melhor filme da competição portuguesa para o Júri Escolas, composto por estudantes da ETIC - e Pele de Luz, curta de André Guiomar sobre duas irmãs albinas em Moçambique, vencedor do prémio Kino Sound Studio atribuído pelo júri da competição portuguesa. A curiosa longa experimental de Ricardo Moreira sobre um projecto urbanístico de Alfragide que continua há mais de 15 anos sem ser erguido, Cidade Marconi, recebeu o prémio do júri Revelação para melhor primeira longa.

O prémio PÚBLICO, transversal às várias secções e escolhido pelo público do Doclisboa, coube a Vadio, longa-metragem apresentada na secção Heartbeat onde Stefan Lechner segue o percurso de um aspirante a fadista pelas noites do fado vadio. Ainda premiados foram, na secção Verdes Anos (filmes realizados em contexto escolar), as curtas After the Fire de Ahsan Mahmood Yunus e Song of the Bell de Hosein Jalilvand (ambos oriundos do programa de formação pan-europeu Docnomads) e Aos Meus Pais de Melanie Pereira (Escola Superior Artística do Porto). No programa de apoio à criação e produção de documentários Arché, foram galardoados Fantasmas de Tiago Siopa (melhor projecto em fase de pós-produção), Viagem aos Makonde de Moçambique de Catarina Alves Costa (melhor projecto das oficinas de desenvolvimento) e La Playa de los Encharquidos de Iván Mora Manzano (melhor projecto em fase de escrita).

Para além do anúncio do lançamento em salas de Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, feito em véspera das eleições brasileiras, a direcção do Doclisboa falou ainda do prosseguimento do programa 6.doc, que leva ao cinema Ideal e ao programa Há Filmes na Baixa! obras seleccionadas pelo festival (a decorrer entre Janeiro e Junho de 2019), bem como uma mostra de cinema ameríndio a decorrer na Fundação Gulbenkian, também em Março de 2019.

Os filmes premiados poderão ser ainda vistos no cinema Ideal, segunda 29, terça 30 e quarta 31, nas sessões das 18h e 21h15. Os detalhes destas sessões encontram-se no site oficial www.doclisboa.org

Palmarés

Competição Internacional

Grande Prémio: Greetings from Free Forests, de Ian Soroka

Prémio SPA: The Guest, de Sebastian Weber

Competição Portuguesa

Grande Prémio: Terra, de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres

Menção Honrosa: Vacas e Rainhas, de Laura Marques

Prémio Kino Sound Studio: Pele de Luz, de André Guiomar

Prémio Escolas: Terra Franca, de Leonor Teles

Verdes Anos (curtas de escola)

Melhor Filme: After the Fire, de Ahsan Mahmood Yunus

Prémio especial do júri: Aos Meus Pais, de Melanie Pereira

Melhor Realizador: Hosein Jalilvand, por Song of the Bell

Prémios transversais

Prémio Revelação / Primeira Longa-Metragem: Cidade Marconi de Ricardo Moreira (Competição Portuguesa)

Prémio Curta-Metragem: The Guest (Competição Internacional)

Prémio do Público: Vadio, de Stefan Lechner (Heartbeat)

Prémio Prática, Tradição e Património: Vacas e Rainhas (Competição Portuguesa)

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