Gianni Infantino desafia oposição à Liga Global das Nações
Presidente da FIFA protege origem de fundo milionário e leva propostas a votação no congresso de Kigali contra a vontade das Ligas.
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, enfrenta esta sexta-feira, em Kigali, capital do Ruanda, em congresso do organismo que tutela o futebol mundial, a anunciada contestação por parte do Fórum das Ligas Mundiais – que representa 38 ligas profissionais - à criação de uma Liga Global das Nações e à remodelação do Mundial de clubes. Uma matéria controversa que o líder da FIFA insiste em levar à consideração (votação) do Comité Executivo com a promessa de um investimento de 22 mil milhões de euros no período de 12 anos.
A “propalada” opacidade de que enferma a proposta anunciada em Maio deste ano, seja no timing, na forma ou no conteúdo estrategicamente mantidos em sigilo por Infantino (sob a capa de compromisso de confidencialidade imposta - segundo o The New York Times - pelos japoneses do Softbank, que controlam o fundo com recursos da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos), está a gerar desconforto e firme oposição dos principais decisores, que em carta enviada à FIFA procuraram demover Infantino de avançar para a votação.
A cada dois anos, a Liga Global das Nações – uma Taça das Nações alargada a todos os continentes – envolveria mais de 200 países, num formato complexo, baseado na criação de sete escalões, com promoções e despromoções e um torneio a disputar por oito selecções dos cinco continentes.
A FIFA preconiza a entrada em vigor do novo figurino em 2021, em substituição da Taça das Confederações e modelo de sete equipas no Mundial de Clubes. Porém, a falta de informação objectiva – tanto no plano desportivo como financeiro - é apontada como um dos óbices ao acolhimento da visão de Infantino por parte das ligas profissionais, facto que tem motivado os sucessivos adiamentos da discussão, apenas aflorada durante o Rússia2018.
Por outro lado, sem dimensão mediática capaz de atrair clubes e patrocinadores, o actual modelo do Mundial de Clubes reclama uma remodelação… antecipada por Infantino, com periodicidade idêntica à do Campeonato do Mundo, a disputar por 24 equipas, e um “orçamento” a rondar os 900 milhões de euros, prevendo-se o arranque em 2021.
Ao contrário de uma UEFA apreensiva relativamente à ameaça de esvaziamento do impacto da Liga dos Campeões, a CONMEBOL apoia a proposta de Infantino. Com metade dos lugares destinados à UEFA (que garante 12 no total, incluindo os quatro últimos vencedores e finalistas vencidos da Liga dos Campeões, e os quatro vencedores da Liga Europa), as confederações africana, asiática e da América do Norte, Central e Caraíbas dispõem de duas vagas cada.
Junho e Julho são os meses da nova competição, que consistiria em oito grupos de três equipas, com os vencedores de cada grupo a disputarem uma fase a eliminar (quartos-de-final e meias-finais), garantindo um máximo de cinco jogos na competição para os finalistas. O Mundial de clubes seria disputado em seis estádios, num hiato de 18 dias, abarcando 31 partidas.
Um fundo de investidores do Médio Oriente e da Ásia estaria na disposição de viabilizar a operação financeira, garantindo um fundo de 22 mil milhões de euros pelos direitos do novo Mundial de clubes e da preconizada Liga Global.