Maioria dos universitários tem colega com doença mental

Mil estudantes de 154 universidades e politécnicos portugueses responderam ao inquérito "Estigma em Saúde Mental"

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©Rui Gaudencio

Mais de metade dos alunos do ensino superior conhece alguém a quem foi diagnosticada uma doença mental enquanto estudava, segundo o inquérito "Estigma em Saúde Mental" realizado a alunos portugueses e divulgado esta quarta-feira.

Cerca de mil estudantes de universidades e politécnicos portugueses responderam ao inquérito "Estigma em Saúde Mental". Resultado: 51,5% dos alunos disseram que têm colegas ou amigos a quem foi diagnosticada uma doença mental.

Os alunos de doutoramento e mestrado são os que mais lidam com esta realidade, com 66% a conhecer alguém com um problema mental. Já entre os estudantes que estão a tirar uma licenciatura ou um mestrado, mais de metade não tem nenhum amigo ou colega nesta situação (cerca de 55%).

No inquérito feito entre Maio e Julho deste ano a alunos de 176 cursos, 16,8% dos estudantes assumiram que lhes tinha sido diagnosticada uma doença mental durante o período de faculdade, com maior prevalência entre as mulheres (17,6% contra 11,3% dos homens). Apenas 22,9% das pessoas diagnosticadas estavam a ter acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra, segundo o estudo da Angelini Farmacêutica, coordenado pelo psiquiatra Diogo Guerreiro.

Para se perceber o estigma em saúde mental foram apresentadas dez afirmações, às quais os entrevistados tinham de dizer se estavam de acordo. A maioria discorda que exista algo nos doentes mentais que torne mais fácil "distingui-los das pessoas normais". Mais de nove em cada dez (92,4%) não consideram os doentes mentais um fardo para a sociedade.

A opinião sobre qualquer pessoa poder vir a ser doente mental é mais consensual, com 95,2% dos estudantes a concordarem com a afirmação. Ainda existe uma pequena percentagem de estudantes que acreditam que "uma das principais causas de doença mental é a ausência de autodisciplina e força de vontade": entre as mulheres são 6,8% e entre os homens são 15,3%.

A grande maioria (mais de 75%) não se importava de ter por vizinho uma pessoa com historial de doença mental. Os estudantes de Ciências da Educação e Formação de Professores foram os que se revelaram mais incomodados com essa hipótese, com apenas metade dos alunos a dizer que não se importava.

Os estudantes são unânimes (97,9%) na obrigação de proporcionar os melhores cuidados possíveis aos doentes mentais e são raros os que acham que estas pessoas não devem ser encorajadas a assumir responsabilidades da vida normal. Três em cada quatro consideram que faltam serviços, com destaque para Vila Real, onde todos os alunos apontaram esse problema, seguindo-se os dos distritos de Évora e Faro.

Sobre as principais fontes de estigma e preconceito, os alunos apontaram a falta de literacia em saúde mental e a necessidade de campanhas de sensibilização, políticas educativas nas escolas e intervenção do governo.