Parque Verde da Asprela fica pronto em 2020
Obra de 1,5 milhões de euros conta com um milhão de apoio do Fundo Ambiental.
A Câmara do Porto, a Universidade e o Instituto Politécnico vão finalmente avançar com o concurso público para as obras de transformação de uma zona semi-abandonada junto à Faculdade de Desporto, na Asprela, num parque verde que, além de dotar a zona de um espaço de lazer, pretende facilitar a mobilidade entre as escolas ali existentes. O vereador com o pelouro do Ambiente, Filipe Araújo, estima que os trabalhos se concluam durante o ano de 2020.
A obra, cujo custo rondará os 1,5 milhões de euros, segundo Paulo Farinha Marques, arquitecto paisagista e coordenador da equipa responsável pelo projecto, vai ter uma comparticipação de um milhão de euros do Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente. O restante valor, que pode variar em função das propostas a concurso, será dividido pelos três parceiros locais.
O projecto, cujas linhas gerais tinham sido anunciadas em 2015, é ambicioso, e continua um esforço de “renaturalização” de duas linhas de água já iniciado na reconversão, também para parque verde, de uma área entre as Faculdades de Economia e a Faculdade de Engenharia, por onde passa a ribeira da Manga. Esta junta-se à ribeira da Asprela na área que vai agora ser intervencionada, e Paulo Farinha Marques considera mesmo que estas linhas de água, depois de desentubadas, serão “as estrelas” do novo parque, que ocupa mais de seis hectares.
Neste, 98% da área será permeável, e, através da sua modelação, vai ser possível conter, nos limites das margens, dez mil metros cúbicos de água, correspondentes à cheia centenária (a maior registada no último século), e aliviando a pressão sobre as condutas que acompanham a rede de metro do Porto. Todo o espaço será reordenado, aproveitando 754 árvores existentes, que terão a companhia de mais 645, de várias espécies, garantindo, na aridez de construções e ruas pejadas de automóveis da Asprela, uma ilha verde, com muita sombra e meia-sombra, e apenas separada do Parque da Quinta de Lamas pela Rua de Roberto Frias.
O novo parque terá caminhos, pontes e passadiços, estimulando a circulação pedonal ou noutros modos suaves, como a bicicleta, e o projecto, que envolve, a sul e poente, os terrenos da faculdade de Desporto, contempla ainda a instalação de um campo de futebol e construção de um edifício, parcialmente suportado em estacaria de madeira, que acolherá uma cafetaria. A obra, desenhada pelo arquitecto Francisco Guedes de Carvalho, será, explicou Farinha Marques, um ponto de encontro, e de convívio, numa zona hoje dada a algumas actividades marginais, dado o abandono em que se encontra.
Porto no novo Pacto dos Autarcas
Satisfeito com o avanço deste parque, o presidente da Câmara do Porto revelou, em contrapartida, que o executivo vai ter de "revisitar" o projecto de requalificação de um troço da avenida da Boavista, porque o mesmo não foi "considerado" numa candidatura a fundos comunitários. Apresentado em Junho do ano passado, esse projecto, de de 4,2 milhões de euros, previa a criação de uma área, verde, com desentubamento da ribeira de Aldoar, entre o Parque da Cidade e a zona da Fonte da Moura.
Esta discussão sobre espaços verdes, e a necessidade de tornar a cidade mais amiga dos peões e de modos de circulação alternativos ao automóvel coincidiu com a votação, pelo executivo, da adesão do Porto ao Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia, uma renovação do compromisso das cidades europeias para com a necessidade de adopção de medidas de mitigação e adaptação às alterações climáticas. A proposta, que não mereceu qualquer reparo da oposição, e foi aprovada por unanimidade implica, por parte da cidade, um compromisso com metas mais ambiciosas de redução de gases com efeito de estufa, que deverá ser de 50% em 2030, no seu território.
Filipe Araújo considerou que as medidas em curso em várias áreas – entre elas as soluções de base natural, como o Projecto das Árvores Nativas, a renaturalização de ribeiras, o Parque Oriental ou o Parque da Asprela – têm um contributo importante para o objectivo. A par, notou, dos investimentos previstos na área da mobilidade, como a reconversão da frota municipal para veículos eléctricos, a renovação do parque de autocarros da STCP e a expansão da rede de metropolitano, e de medidas centradas na eficiência energética de edifícios e da iluminação pública, entre outras.