Portugal vai fazendo da ausência de Ronaldo um não-assunto

Boa exibição e triunfo frente à Polónia deixaram a selecção portuguesa bem encaminhada rumo à final a quatro da Liga das Nações.

Foto
Jogadores portugueses festejam o triunfo sobre a Polónia Reuters/RADOSLAW JOZWIAK

Já foram três e, até ao fim do ano, serão mais três os jogos da selecção portuguesa sem Cristiano Ronaldo, o seu jogador mais emblemático da última década, o seu centro de gravidade. Claro que ter um jogador como Ronaldo nunca será um problema, maior problema será não o ter. Mas é com essa ausência que a selecção portuguesa tem tido de lidar e terá de lidar nos próximos tempos. Para já, está a correr bem e, nesta quinta-feira, Portugal voltou a fazer prova de vida sem Ronaldo, triunfando por 2-3 sobre a Polónia, em Chorzow, na segunda jornada do Grupo 3 da Liga A desta nova competição chamada Liga das Nações. Depois do triunfo frente à Itália, esta vitória deixa o campeão europeu bem encaminhado para chegar à final a quatro, com a qualificação a ficar já garantida se polacos e italianos empatarem no próximo domingo.

Esteve longe de ser uma vitória fácil, apesar do domínio português durante largos períodos do jogo, mas os homens de Fernando Santos foram vítimas da sua própria displicência a abrir e a fechar o jogo. O plano B (leia-se sem Ronaldo) parece estar mais consolidado, as chaves da equipa estão bem entregues a Bernardo Silva e a William Carvalho, e André Silva continua a replicar na selecção os golos que tem marcado neste início de época em Sevilha. Faltaram mais golos (e houve oportunidades) e um pouco mais de atenção defensiva na cara dos perigosos avançados polacos. O que houve sempre foi capacidade de reacção e vontade de jogar em velocidade, o que nem sempre aconteceu num passado recente.

Sem Ronaldo, Fernando Santos vai cristalizando um “onze” e, em relação aos dois jogos anteriores, apenas uma alteração, Rafa (outro Silva), atirado para a titularidade depois de ter sido chamado de emergência para cobrir a indisponibilidade de Guedes e a indisposição de Bruma.

A selecção portuguesa entrou com dinâmica e vontade de acelerar os golos, com João Cancelo a assumir algum destaque pelo flanco direito, sendo que a primeira oportunidade portuguesa até veio do flanco contrário, num cruzamento aos 7’ de Mário Rui a que André Silva respondeu com um toque de habilidade que por pouco não deu golo.

A testar uma dupla composta por um consagrado (Lewandovski, no seu 100.º jogo pela Polónia) e um emergente (Piatek, a cumprir a segunda internacionalização), num esforço de renovação após um Mundial discreto, a Polónia também não entrou nada mal no jogo e criou perigo, sobretudo em lances de bola parada. E foi num desses lances que chegou ao golo. Num canto a partir da direita, a bola voou até ao segundo poste, Rui Patrício (e toda a defesa) ficou no chão, deixando a bola chegar até à cabeça de Piatek, que fez justiça à fama que tem conquistado na Série A italiana ao serviço do Génova, marcando o primeiro golo pela selecção polaca.

Se houve algo que esta selecção portuguesa mostrou na Polónia, foi capacidade de reacção e isso ficou bem demonstrado pela reviravolta operada antes do intervalo. Aos 31’, uma excelente jogada que envolveu Bernardo Silva e João Cancelo, acabou com Pizzi a ter espaço para cruzar na direcção da pequena área, onde André Silva só teve de encostar. E, aos 42’, um excelente passe longo de Rúben Neves apanhou Rafa no sítio certo à entrada da área. O extremo do Benfica fintou o guarda-redes e, antes que pudesse rematar, foi desarmado por Kamil Glik, mas na direcção da sua própria baliza.

Era uma vantagem de acordo com o que se passava no jogo que ainda teve outra expressão aos 52’ no momento mais espectacular da noite. Bernardo Silva recebeu a bola de William do lado direito, foi conduzindo a bola para uma zona interior e, de pé esquerdo, fez um remate indefensável para Fabianski. A vantagem mais larga encheu Portugal de confiança a mais e isto deu margem a um ensaio de reacção por parte da Polónia que deixou o resultado na diferença mínima. Aos 77’, Bereszynski avançou pela direita, a bola pareceu sair e Mário Rui abrandou, mas a bandeira do assistente ficou em baixo, o cruzamento seguiu para a área, Pepe falhou o corte e Blaszczykowski aproveitou. Mais um momento de desconcentração defensiva que acabou por não impedir a justa (e curta) vitória de Portugal. Continuando assim e ausência do Cristiano Ronaldo em campo será cada vez mais um não-assunto.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários