Plástico – eliminar ou reutilizar

Há estudos que demonstram que o plástico tem menos impacto ambiental quando comparado com materiais como o vidro ou o aço.

Hoje em dia é praticamente impossível idealizar o nosso mundo sem a existência dos mais variados materiais plásticos, presentes numa variedade imensa de utensílios, muitos deles de uso diário e em utilizações que nem imaginávamos. E já é assim há muitas décadas, sem que se refletisse devidamente sobre o tema.

Fruto do seu impacto muito visual e de algum (muito) mediatismo, com divulgação massiva de imagens de “rios de plástico”, a matéria do “lixo de plástico” foi trazida para a ordem do dia, tendo a Comissão Europeia, em janeiro deste ano, adotado a sua primeira Estratégia para os Plásticos, integrada num processo de transição para uma economia mais circular.

Apesar de haver, segundo o estudo do The Economist, de março deste ano (The known unknowns of plastic pollution), outros tipos de poluição bem mais nocivas e o problema dos plásticos ser verdadeiramente expressivo apenas em países em desenvolvimento, não devemos ignorar, e muito menos escamotear, todos os malefícios que este uso pode trazer, muitas vezes por falta de responsabilidade coletiva e maus comportamentos de cada um de nós, o que pode, e deve, ser corrigido. De acordo com dados divulgados sobre esta matéria, os plásticos constituem 85% do lixo encontrado nas praias de todo o mundo e pensa-se poder afetar a saúde das pessoas por via dos microplásticos, que pairam no ar e se encontram na água e nos alimentos.

Pretende assim, esta nova estratégia, proteger o ambiente do efeito nocivo do plástico, ao mesmo tempo que promove a inovação e o surgimento de novas tecnologias e novos materiais. De acordo com os novos planos, prevê-se que até 2030, todas as embalagens de plástico no mercado da UE sejam recicláveis e o consumo de objetos de plástico descartáveis seja reduzido.

Mas como em tudo na vida, devemos sempre pesar devidamente as decisões a tomar, analisando todas as suas variáveis, sob pena de, como diz o povo, “ser pior a emenda que o soneto”.

Quando pensamos em plástico, facilmente pensamos nos utensílios de refeição, como palhinhas, copos, pratos e talheres, mas o plástico vai muito, mas muito, para além disso, estando presente em praticamente todas as atividades, desde a saúde à construção civil.

Por outro lado, o facto do plástico ser um material duradouro e que não se deteriora com facilidade, devia ser uma mais-valia, uma vez que permite a sua reutilização, poupando outros recursos. Além de que há estudos que demonstram ter menos impacto ambiental quando comparado com materiais como o vidro ou o aço.

Sabemos que hoje o plástico, nas suas mais variadas formas, assume um papel relevantíssimo, quer ao nível económico, quando nos referimos à sua própria indústria, quer ao nível da sua utilidade prática nas nossas vidas, porque nos facilita a vida e permite, muitas vezes, ganhos em termos de custo.

Temos assim então que o verdadeiro problema, mas também a sua solução, ou pelo menos boa parte dela, pode estar nos comportamentos das pessoas, de cada um de nós, a par de sistemas eficazes de recolha de resíduos. E é aqui que deve ser feito o verdadeiro investimento e daí também serem de extrema importância ações de sensibilização e consciencialização das populações nesta matéria, com vista à alteração de comportamentos, em especial junto daqueles que serão capazes de produzir mudanças nos tempos mais próximos, ou seja, as camadas mais jovens.

E foi por esta razão que a AHRESP, assumindo a sua quota-parte de responsabilidade social, levou a cabo a campanha “Menos Plástico Mais Ambiente”, que atuou junto de estabelecimentos e junto dos jovens em praias e nos mais importantes festivais de Verão, com vista, precisamente, à sensibilização para a adoção de atitudes sustentáveis e de preservação do meio ambiente, promovendo a utilização de alternativas ao material descartável e divulgando informação sobre hábitos de separação dos resíduos, para reciclagem. Esta foi uma iniciativa de enorme sucesso e que, pela sua recetividade, nos leva a acreditar que as mentalidades estão, de facto, a mudar, augurando um futuro melhor.

Em jeito de conclusão, acreditamos que a solução não passará então pela peregrina ideia da eliminação/proibição do plástico, mas sim pela aplicação do princípio dos 3 R’s: reduzir, reciclar e reutilizar, transitando-se assim de uma economia linear para uma verdadeira economia circular, com ganhos efetivos para gentes e planeta.

 

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