Foguetes e um rali. Associação denuncia “negligência” do parque Sintra-Cascais
Associação Salvar Sintra diz que este sábado, dia em que o incêndio deflagrou na serra de Sintra, foram lançados de forma “ilegal” dezenas de foguetes no âmbito das festas de Almoçageme.
A Associação Salvar Sintra, uma instituição de defesa ambiental, acusa em comunicado a direcção do Parque Natural Sintra-Cascais de “total negligência e de sistemática demissão das suas responsabilidades” na área da prevenção dos incêndios florestais, lamentando que o fogo que deflagrou este sábado à noite e se encontra em fase de rescaldo tenha consumido “?uma parte importante” daquele parque.
“Durante todo o Verão o abate de árvores na serra continuou ininterrupto, com os madeireiros a deixarem no local ramos secos, lixo vegetal, desperdício”, denuncia a associação.
Numa nota, assinada pelo presidente da associação, Agostinho Pereira de Miranda, critica-se igualmente as câmaras de Sintra e de Cascais por licenciarem “actividades turísticas, imobiliárias e comerciais incompatíveis com o estatuto de parque natural e os respectivos regulamento e plano de ordenamento”. A Salvar Sintra foi criada no rescaldo do grande incêndio de 1993 e diz que desde então “aumentou em provavelmente mais de 400% a utilização comercial da serra, através de operadores e empreendimentos turísticos de acesso remunerado”.
A associação dá como exemplo da negligência da direcção do parque o facto de esta ter permitido, na passada sexta-feira à noite, a realização do Rally de Portugal Histórico. “O que levou milhares de pessoas a acorrerem à serra — aliás exactamente à área onde eclodiram as chamas — aumentando exponencialmente o risco de incêndio, designadamente por acção negligente dos particulares, através de piqueniques e beatas de cigarros”, argumenta-se na nota.
Este sábado, garante a associação, desde as 8h que foram lançados de forma “ilegal” dezenas de foguetes no âmbito das comemorações das festas da aldeia sintrense de Almoçageme.
A associação garante que tem alertado para o “contínuo crescimento do risco de incêndio na Serra de Sintra” e que não deixará de "responsabilizar as entidades que, pela sua negligência", contribuíram para o que chama de tragédia ambiental.
Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério do Ambiente, uma das tutelas do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, responsável pela gestão das áreas protegidas, ainda não reagiu. O PÚBLICO tentou igualmente contactar, sem sucesso, os presidentes das câmaras de Sintra e Cascais.