Veneza: "semáforos" para turistas, multas para quem se senta no chão

Câmara de Veneza quer apertar restrições e admite controlos de entradas e saídas da Praça de São Marcos.

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A proposta deverá ser votada em Outubro EPA/Zoltan Balogh

Veneza há muito tenta lidar com a massificação do turismo e não por acaso, na era das redes sociais, nasceu uma hashtag, com o carimbo do município, destinada a sensibilizar quem a visita: #EnjoyRespectVenezia. A cidade italiana já tem uma série de restrições e, agora, a câmara pondera alargar a mais locais algumas das regras que já se aplicam na Praça de São Marcos. Uma delas: sancionar quem “se deita ou se senta no chão, nos degraus das pontes” e nas entradas dos monumentos, dificultando a circulação das pessoas.

O Regulamento da Polícia Local já define que é proibido “sentar-se, fora dos espaços especificamente identificados, na Praça de São Marcos, por baixo dos pórticos e degraus das Procuratie Nuove, Ala Napoleónica e Livraria Sansoviniana, na Piazzetta dei Leoncini, no correr do Porticato do Pálacio Ducal, na Praça São Marcos e no cais”, como explica o site do município.

É também proibido “parar para consumir alimentos ou bebidas excepto nas áreas em concessão aos estabelecimentos públicos, nas áreas de restauração especificamente identificadas, e deitar ou abandonar no solo público papel, frascos, garrafas e quaisquer outros tipos de detritos sólidos ou líquidos e dificultar a circulação permanecendo parado nas pontes e vielas”.

Quem incumprir estas orientações pode ser penalizado com uma sanção administrativa de 200 euros. Há outras regras e, no seu conjunto, a violação das proibições varia entre sanções de 25 e 500 euros.

Risco de ineficácia

A proposta do presidente da Câmara de Veneza para endurecer as medidas restritivas deverá ser votada em Outubro.

Marco Gasparinetti, do núcleo de residentes reunido em torno do Gruppo Aprile 25, chama a atenção para o risco de ineficácia da medida, considerando que seriam precisos mais cinco mil polícias para fiscalizar estas situações.

“Já há uma longa lista de coisas que são proibidas em Veneza e não há mais nada que se possa fazer”, referiu Gasparinetti?, citado pelo Guardian.

Há já outras proibições, tais como:

  • abandonar detritos de alimentos nas ruas, praças ou canais: multas de 50 a 200 euros;
  • mergulhar e tomar banho nas rias, canais e na Bacia de São Marcos: 450 euros;
  • andar em tronco nu ou em roupa de praia: 200 euros;
  • circular de bicicleta no centro histórico: 100 euros (com excepção dos residentes e crianças, que estão autorizados).

"Semáforos" para turistas

Património da Humanidade, Veneza recebe 25 milhões de visitantes por ano. Em Abril, a câmara chegou a instalar torniquetes em quatro zonas (uma delas junto à ponte de Calatrava, próximo da estação de comboios onde se faz a chegada de Mestre a Veneza), mas a medida foi contestada por um grupo de residentes.

O presidente da câmara, Luigi Brugnaro, quer avançar com mais medidas para tentar gerir o fluxo de turistas nos pontos mais visitados da cidade.

Em Agosto, o autarca anunciou que quer implementar um sistema que permita controlar as entradas e saídas da Praça de São Marcos, um dos ex-líbris da cidade. A ideia, dizia a agência de notícias Ansa, passa por criar uma espécie de sistema de “semáforos” em que os turistas têm de aguardar para aceder àquela área quando o número de pessoas na praça está no limite máximo definido.

Já em 2014, a autarquia tinha imposto restrições aos megacruzeiros que chegavam à cidade, impedindo-os de passar em frente à praça de São Marcos.

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