Arquitecta Inês Lobo e artista Fernanda Fragateiro vencem Prémios AICA 2017
Ambas receberam o prémio por unanimidade. O anúncio foi feito esta quinta-feira no final da cerimónia de entrega dos Prémios AICA/MC/Millennium bcp relativos a 2015 e 2016, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.
A arquitecta Inês Lobo e a artista Fernanda Fragateiro foram esta quinta-feira distinguidas, por unanimidade, com os prémios AICA/MC/Millennium bcp, da Associação Internacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura, de arquitectura e artes visuais, relativos a 2017.
De acordo com a Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), os prémios, no valor de 10 mil euros para cada modalidade, são atribuídos em parceria com o Ministério da Cultura e a Fundação Millennium bcp. O prémio é atribuído por um júri independente, nomeado pela AICA. O anúncio foi feito na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, na sequência de uma reunião do júri realizada esta quinta-feira.
Nesta edição, o júri foi presidido por Ricardo Carvalho e constituído por Ana Tostões, Catarina Rosendo, João Rodeia e Nuno Crespo (crítico do PÚBLICO) que justificou, na acta da reunião, a opção de atribuição às duas criadoras.
No caso de Inês Lobo, o júri referiu que, com este prémio, procurou "destacar o percurso profissional ímpar da premiada, inseparável da respectiva capacidade em montar estratégias que vão da pequena à grande escala, da investigação ao desenho do edifício e da cidade, da qualidade da construção à dimensão social da arquitectura, da transversalidade colaborativa à acção curatorial, situação muito invulgar no panorama da arquitectura contemporânea portuguesa".
Inês Lobo estabeleceu-se em atelier próprio em 2002, depois de ter colaborado com o arquitecto João Luís Carrilho da Graça, entre 1990 e 1996, e com o arquitecto Pedro Domingos, entre 1996 e 2001.
Formada na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, em 1989, leccionou a disciplina de projecto desde então, sendo actualmente professora convidada no curso de arquitectura, na Universidade Autónoma de Lisboa.
Inês Lobo tem desenvolvido projectos em diferentes áreas de trabalho, desde a construção de equipamentos e habitação à requalificação de edifícios e espaços públicos.
Entre outros projectos, assinou a requalificação da Escola Secundária Dr. Mário Sacramento (2010), em Aveiro, a reutilização da Escola Secundária Joaquim Carvalho (2008/09), na Figueira da Foz, e a reutilização da Escola Secundária Avelar Brotero (2007/08), em Coimbra.
Em 2012, foi comissária geral da representação de Portugal na Bienal de Arquitectura de Veneza, com o projecto Lisbon Ground, e, em 2009, participou na representação oficial portuguesa na Bienal Internacional de Arquitectura em São Paulo, no Brasil.
Em 2014, a arquitecta foi distinguida com o Prémio ArcVision — Women and Architecture, um galardão internacional instituído pela multinacional italiana Italcementi Group.
No caso de Fernanda Fragateiro, o prémio decorre de duas exposições realizadas em 2017: A reserva das coisas no seu estado latente, na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, e Dos arquivos, à matéria, à construção, no Museu de Arte Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa.
"Estes momentos de visibilidade permitiram verificar a enorme coerência do percurso artístico de Fernanda Fragateiro, desde sempre empenhado num questionamento das possibilidades da escultura contemporânea, e na sua articulação com a tradição modernista no tratamento dos materiais e em procedimentos como a serialidade e a modularidade", considerou o júri.
Acrescenta ainda que "a criação de pontes entre espaços privados e espaços públicos, a constante investigação conceptual sobre momentos-chave do modernismo arquitectónico e artístico, e a vocação nata com que as suas obras dialogam com os espaços em que se instalam, permitem afirmar a plena actualidade e oportunidade da sua obra", sublinha, na ata.
Nascida em 1962, no Montijo, Fernanda Fragateiro vive e trabalha em Lisboa.
Após a realização de exposições individuais na Alemanha, Reino Unido e Espanha, da participação na Trienal de Arquitectura de Lisboa (2010), e na Dublin Contemporary (2011), o seu trabalho tem vindo a obter cada vez maior destaque na arte contemporânea europeia.
A artista é conhecida pelas suas intervenções escultóricas e arquitectónicas em espaços públicos como mosteiros, orfanatos, muros e casas em ruínas.
O seu trabalho tem sido exibido em museus e centros culturais de todo o mundo, como o Palm Springs Art Museum, nos Estados Unidos, o Palais des Beaux-Arts de Paris, e está representada em colecções como as da Caixa Geral de Depósitos, Fundação de Serralves, Fundação Calouste Gulbenkian, em Portugal, ou na Helga de Alvear, em Espanha.
Em Janeiro deste ano, apresentou, em Madrid, uma obra inédita, intitulada letter, for Anni, criada depois de vencer o I Prémio Catalina D'Anglade.
Relativamente aos prémios AICA de 2015 e 2016, já anunciados este ano, o Prémio de Artes Visuais 2015 foi entregue a Jorge Queiroz e o Prémio de Arquitectura 2015 ao atelier SAMI, enquanto o Prémio de Artes Visuais 2016 foi para Daniel Blaufuks e o Prémio de Arquitectura 2016 para Célia Gomes e Pedro Machado Costa (a. s* -- atelier de santos).
O júri destes prémios foi presidido por Margarida Medeiros e composto por André Tavares, Manuel Costa Cabral, Victor dos Reis e Inês Lobo. Estes prémios também foram entregues por unanimidade.