Ricardo Ribeiro, Fred Martins e Nancy Vieira celebram a “Língua Mátria” em Oeiras
A língua com que se faz o fado, a morna e a bossa une Portugal, Brasil e África no mesmo palco, nas vozes de Ricardo Ribeiro, Fred Martins e Nancy Vieira. Este sábado, às 21h30, no Parque dos Poetas, em Oeiras. A entrada é livre.
Chama-se “Língua Mátria” e é um concerto de celebração de uma língua comum, o Português, que adquiriu ao longo dos séculos colorações tão diversas. Vai realizar-se este sábado em Oeiras, no mesmo palco que recebeu em 2016 e 2017 o Festival Poeiras: o Anfiteatro Almeida Garrett, no Parque dos Poetas, às 21h30 e com entrada livre. As vozes convidadas são as de Ricardo Ribeiro (Portugal), Fred Martins (Brasil) e Nancy Vieira (Cabo Verde), a direcção musical é de Rolando Semedo e a direcção artística é de António Terra, actor brasileiro que já idealizara e organizara os festivais Poeiras.
Nascido no Rio de Janeiro em 1968, António Terra está em Portugal desde o ano 2000, desenvolvendo vários projectos na área do teatro e como formador e promotor cultural. “Estou quase há vinte anos aqui”, diz ele ao PÚBLICO. “Tenho uma costela portuguesa, o meu pai era transmontano. Todo o meu percurso aqui, em festivais, televisão, teatro, sempre teve esse DNA da língua portuguesa e dos países de expressão portuguesa.”
Uma simbiose a três
Em 2016 e 2017 foi ele que imaginou e dirigiu o Festival Poeiras. Mas como o Poeiras não se iria repetir em 2018, e como ele “queria ainda celebrar essa vertente no meio de Setembro”, António Terra imaginou uma alternativa: “Pensei celebrar desta forma: convidar o Ricardo Ribeiro, convidar a Nancy, trazer o Fred, vamos juntá-los, vamos propor que não seja um concerto de cada um e que nos temas cantados entre eles haja duetos.” Isso leva a que os três estejam sempre presentes. “Nunca saem do palco, estão sempre no território dos mares navegados, presenciando o que o outro está cantando. O Ricardo convida a Nancy para cantarem juntos e depois a Nancy convida o Fred. Ou seja, eles estão numa simbiose, mostrando que a língua é a mesma mas com sotaques e variações.” Este é um aspecto. Outro é das músicas em presença. “Vamos juntar o fado, a bossa nova e a morna, mas não só. Porque o Ricardo é um artista multifacetado e então, nos títulos, a gente estão brincando um pouco: ‘Fado e outras melodias’, ‘Morna e outros ritmos’ e ‘Bossa Nova e outros tons’. O que irá acontecer ali é uma coisa única.”
Celebrar o Equinócio
E há ainda um terceiro aspecto: “Como é também o dia [22 de Setembro] que vai assinalar o Equinócio de Outono, eu vou dar uma componente um pouco ritualística na mise-en-scène de todo o espectáculo. Há um pequeno rito de abertura e um rito de encerramento, ligado com essa questão do Oceano Atlântico, dos Descobrimentos, com uma poesia da Natália Correia que é o Credo, com um tema que por acaso é brasileiro (do Caetano) e que está ligado aqui, que é Os Argonautas. Eles vão cantar esse tema no fim, os três, cada um com a sua personalidade e com a sua língua.”
Como celebração, mas também como espectáculo cruzando três modos diferentes de abordar a música, António Terra insiste na ideia de que “Língua Mátria” será irrepetível: “A ideia é que eles se sintam bem e felizes por ali estarem celebrando e que o público presencie uma coisa que quem viu, viu, quem não viu não verá.”