Bruxelas ainda não vê desequilíbrios nos preços das casas
Subida forte dos preços deverá manter-se em 2018, antecipa a Comissão, que espera em 2019 uma correcção progressiva trazida pela recuperação da construção.
A Comissão Europeia considera que a forte subida dos preços das casas que se tem vindo a registar em Portugal nos últimos anos pode ser considerada, para já, essencialmente como uma correcção de valorizações baixas no passado e não indicia a acumulação de desequilíbrios.
No relatório da oitava avaliação pós-programa a Portugal publicado esta terça-feira, os técnicos do executivo europeu analisam a recente evolução do mercado imobiliário no país, destacando, não só a forte subida de preços, como o aumento acentuado do número de transacções e dos valores totais envolvidos.
Bruxelas diz que estas tendências do mercado são “principalmente provocadas pelo explosivo sector turístico e pela entrada de capitais estrangeiros, principalmente nas cidades de Lisboa e Porto”, assinalando em particular que 15 mil residentes não habituais foram atraídos ao país por incentivos financeiros, como os vistos gold ou alívios fiscais. Bruxelas reconhece que as subidas dos preços têm um “impacto na capacidade de acesso a habitação em particular para as famílias de baixos rendimentos”.
O relatório contudo não traça um cenário de existência de uma bolha especulativa pronta a rebentar. A Comissão antecipa que 2018 será o terceiro ano consecutivo em que os preços das casas em Portugal crescerão mais de 6%, afirmando que apenas em 2019 se começará a sentir o efeito progressivo do aumento da oferta trazido pela recuperação do sector da construção.
“Até agora, a retoma dos preços das casas é vista como uma correcção dos anteriores baixos níveis de valorização e de actividade na construção, não sendo considerado como indicativo de um desequilíbrio”, defende a Comissão Europeia, que destaca o facto de o volume total de empréstimos para compra de casa ainda manter uma trajectória descendente.
Bruxelas usa um tom bastante mais moderado do que o de entidades como FMI, que alertaram para a possibilidade de se estar formar uma bolha especulativa imobiliária em Portugal. Ainda assim, a Comissão Europeia afirma que “as dinâmicas nos preços das casas exigem uma monitorização apertada, uma vez que uma potencial correcção dos preços teria ainda assim um efeito de de valorização negativo nos balanços dos bancos”.