EDP contesta em tribunal parcela final a receber de CMEC

Regulador avaliou em 154,1 milhões de euros o montante a ser pago pela parcela final dos CMEC, menos 102 milhões do que pediam EDP e REN

Foto
Nuno Ferreira Santos

A EDP vai contestar judicialmente o valor da revisibilidade final dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) no valor de 154 milhões de euros, menos 102 milhões do que o apurado pela eléctrica liderada por António Mexia.

Fonte oficial da eléctrica justifica a decisão garantindo que "o cálculo do preço a que foram estimadas as receitas futuras das centrais CMEC não obedece à metodologia estabelecida legalmente, tal como a EDP tem vindo a defender desde que o valor foi apurado".

Além disso, refere o grupo, "não foi considerada a recuperação dos custos incorridos por estas centrais com a tarifa social e a CESE [Contribuição Especial do Sector Energético], ao contrário do que a lei e os contratos prevêem. A EDP já tem, aliás, vindo a contestar a não consideração destes valores nas revisibilidades anuais desde 2011".

A EDP salienta ainda que "permanece empenhada em procurar as melhores soluções para o sector energético, sem prejuízo da defesa dos seus direitos". Esta acção administrativa decorre no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, sendo que o requerido é o Ministério da Economia.

Em causa está um diferendo que se vem arrastando há vários meses entre a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e o grupo de trabalho constituído pela REN - Redes Energéticas Nacionais e pela EDP Produção.

A ERSE chegou a um valor de 154,1 milhões de euros a serem pagos pela parcela final dos CMEC (2017-2027), ou seja, menos 102 milhões de euros do que pediam as duas empresas. Em Abril, o Governo homologou as contas da ERSE, dando na prática "luz verde" ao montante apurado pelo regulador.

Os CMEC são uma compensação relativa à cessação antecipada dos CAE, o que aconteceu na sequência da transposição de legislação europeia no final de 2004, tendo depois sido revistos em 2007. Ainda assim, mantiveram-se dois CAE - Turbogás e Tejo Energia -, que são geridos pela REN Trading.

São actualmente abrangidos pelo regime dos CMEC 16 centrais hídricas da EDP, cujos contratos terminarão faseadamente até 2027 (Alto Lindoso, Touvedo, Venda Nova, Vilarinho das Furnas, Pocinho, Valeira, Vilar-Tabuaço, Régua, Carrapatelo, Torrão, Crestuma-Lever, Caldeirão, Aguieira, Raiva, Pracana, Fratel).