A “primeira empresa profissional de pesca de plástico” — sim, plástico — está a transformar as garrafas que encontra nos canais de Amesterdão e no porto de Roterdão em mobiliário.
A Plastic Whale organiza tours nas quais, durante duas horas, os turistas não se limitam a passear. A bordo de um barco feito de plástico reciclado, calçam luvas e, com redes, apanham o lixo que virem a boiar na água. Enquanto limpam os canais, conhecem o centro histórico da cidade holandesa, a partir da água. E ajudam a tornar a paisagem mais agradável.
Mas a novidade não está aqui. Até ao início do ano, o plástico recolhido era utilizado para construir barcos como os que são utilizados nestas travessias. Marius Smit fundou a startup em 2011 e, sete anos depois, tem uma frota de dez barcos (cada viagem custa 25 euros por pessoa). “A sobrepesca é um fenómeno positivo no nosso caso”, brincam, na apresentação do projecto que tem como objectivo final “ficarem sem negócio”. Isto é, sem “peixe” para apanhar.
Enquanto isso não acontece, as garrafas PET que alguém atirou para o chão, ou directamente para a água, estão, desde Fevereiro, a ser transformadas em mesas de reuniões, cadeiras, candeeiros ou painéis para isolamento acústico. São toneladas de plástico retiradas das águas por milhares de pessoas, todos os anos. Além deste material, usam os desperdícios de produção da fábrica da Vepa, uma empresa holandesa de mobiliário, parceira no projecto da Plastic Whale. “Nada vai para o lixo. No final do ciclo de vida do teu produto até o recolhemos em tua casa — e pagamos por isso, porque o vamos usar como matéria-prima de produtos novos”, garantem.
O design das peças para escritórios “sustentáveis” ficou a cargo da LAMA Concept, uma empresa local, especializada em design sustentável de alta qualidade. A inspiração: as “habitantes mais impressionantes do oceano, as baleias”. Que, tal como as águas onde habitam, estão em perigo.
Para o conceito da mobília, foi usada toda a baleia (salvo seja). A mesa da sala de reuniões imita a superfície da baleia, a cadeira a forma da cauda. Os painéis assemelham-se à parte debaixo do animal, às riscas, e os percebes que habitam na pele da baleia deram luz à forma do candeeiro. “Adoramos mesmo baleias – sem plástico no seu estômago.”