Elon Musk desiste de tirar Tesla da bolsa

Empresário diz que ouviu investidores e que "o sentimento geral, de forma resumida, foi 'por favor não faças isto'”

Fotogaleria
Musk diz estar seguro de que conseguiria os financiamento necessário para tirar a empresa da bolsa REUTERS/Patrick T. Fallon
Fotogaleria
Empresa está presente em Portugal, mas o Modelo 3 ainda não chegou ao mercado nacional Sebastião Almeida

O presidente executivo da Tesla, Elon Musk, desistiu da ideia de tirar a empresa fabricante de carros eléctricos do mercado de capitais.

De acordo com um comunicado emitido esta sexta-feira nos EUA, intitulado “Staying public” ("Manter-se cotada"), Elon Musk diz que analisou a questão com especialistas de mercado como a Goldman Sachs, a Morgan Stanley e a Silver Lake, e que ouviu investidores, pequenos e grandes.

“Do feedback que recebi, ficou claro que os actuais accionistas consideram que é mais favorável estarmos cotados. Além disso, vários investidores institucionais explicaram que têm regras internas que limitam a capacidade de investir numa empresa” que não tenha capital disperso em bolsa – algo que obriga a diversas regras de transparência e prestação de informação.

Esses mesmos investidores, recorda o empresário, são os que estão com a empresa desde que esta dispersou capital em 2010, altura em que a Tesla ainda não produzia quaisquer carros e apenas havia “uma visão do que queria ser”.

“Apesar de a maioria dos investidores com quem falei afirmar que ficariam com a Tesla se deixássemos a bolsa, o sentimento geral, de forma resumida, foi 'por favor não faças isto'”, afirmou Musk.

No comunicado onde explica a mudança de atitude, Musk diz ainda que todo o processo de sair do mercado de capitais iria consumir bastante tempo e funcionar como factor de distracção, isto quando a empresa precisa de estar focada no aumento da fabricação do Modelo 3 (a ideia é chegar aos seis mil veículos por semana no final deste mês e aos dez mil no final do ano) e em tornar-se lucrativa.

Ainda assim, Musk diz que a sua convicção de que é possível obter o financiamento necessário para tirar a empresa de bolsa “saiu reforçada durante este processo”.

No dia 7 de Agosto, Musk apanhou o mercado de surpresa ao afirmar que queria tirar a Tesla do mercado de capitais, a um valor de 420 dólares por acção (a entrada em bolsa foi a 17 dólares por título), o que valorizava a empresa em 72 mil milhões de dólares.

Uma das justificações para a estratégia, que seria a mais cara de sempre do género, foi a de que as pressões a que empresa é constantemente sujeita “podem ser uma enorme distracção para toda a gente que trabalha”, além de que, deixando de estar cotada, a Tesla ficava mais a salvo dos “ataques” a que é sujeita.

Depois, afirmou que os fundos para a operação já estavam assegurados, algo que o colocou mais na mira do regulador, a Securities and Exchange Commission (SEC), depois das várias intervenções que fizeram mexer o preço das acções e baralhar (ou enfurecer) os investidores. No início do mês, as acções estavam a 298 dólares, valor que passou para 369 dólares no dia seguinte à afirmação de que ia tirar a Tesla do mercado de capitais. Nesta sexta-feira, fechou nos 321 dólares.

O movimento do fundador da empresa de carros eléctricos surgiu pouco depois de se saber que o PIF, fundo soberano da Arábia Saudita, tinha perto de 5% do capital da Tesla.

Um momento peculiar de Musk ocorreu em Maio, quando a empresa revelou os resultados trimestrais – com uma perda de 785 milhões de dólares – e entrou em confronto com alguns analistas afirmando que estes estavam a colocar questões “aborrecidas”. Depois, acabou depois por lhes pedir desculpa.

Numa entrevista publicada pelo New York Times no dia 17 deste mês, afirmou que o último ano fora “o mais difícil e doloroso” da sua carreira. “Foi agonizante”, confessou.

Sugerir correcção
Comentar