O "mundo arqueológico" do concelho de Viseu vai ser dado a conhecer a partir de sábado, através dos "Roteiros José Coelho", que pretendem conduzir o público "na descoberta deste valioso, e quase desconhecido, património", anunciou a autarquia.
Segundo a Câmara Municipal de Viseu, o objectivo do projecto é "não só a divulgação da arqueologia da região de Viseu enquanto produto cultural e turístico de relevância, mas também o próprio legado histórico do prestigiado investigador José Coelho, activo defensor do património local". Para este sábado, está previsto o percurso "As descobertas megalíticas de José Coelho", com ponto de encontro marcado para o Rossio e com duração de cerca de quatro horas.
Este percurso incluirá "paragens em dois dos mais significativos monumentos arqueológicos na região, descobertos e objecto de estudo de José Coelho no início do século XX", concretamente o Mamaltar de Vale de Fachas (em Rio de Loba) e a Anta Maior da Pedralta (em Côta), avança a autarquia.
O ponto de chegada será o Museu Municipal, na Casa do Miradouro, "onde os participantes poderão apreciar de perto alguns dos materiais arqueológicos recolhidos em ambos os locais", acrescenta.
A Casa do Miradouro, situada junto à Sé, alberga o espólio arqueológico de José Coelho, a partir do qual se pode conhecer a vida e obra de um dos pioneiros da arqueologia da região. "Neste espaço apresenta-se o arqueólogo, o investigador, bem como a colecção arqueológica que ainda hoje é uma referência para o conhecimento da história da região", refere a autarquia.
O projecto "Roteiros José Coelho" tem previstas outras duas novas visitas para 15 de Setembro e 13 de Outubro, cujas temáticas serão divulgadas brevemente.
Nascido a 5 de Maio de 1887, em Travassós de Cima (Viseu), José Coelho foi professor, historiador e arqueólogo, tendo-se notabilizado sobretudo pelos seus estudos de história e arqueologia regional. Em 1911, José Coelho descobriu o Dólmen de Mamaltar de Vale de Fachas e, em 1912, as Antas da Pedralta, ambos em Viseu. Posteriormente, em 1917, descobriu também a necrópole do Paranho, no concelho vizinho de Tondela.
De acordo com a Câmara de Viseu, "os resultados das escavações que José Coelho efectuou nestes monumentos são, ainda hoje, excelentes bases de trabalho e de estudo da arqueologia regional".
Ao longo da sua vida, José Coelho foi recolhendo e juntando um espólio arqueológico. Após a sua morte, a 7 de Abril de 1977, os filhos ofereceram a colecção de peças e apontamentos (cadernos de notas arqueológicas) à Câmara de Viseu, que se comprometeu a expô-los.