BE exige posição do Governo e da Câmara de Lisboa sobre convite a Le Pen

Bloquistas dizem que se estão a utilizar dinheiros públicos para passar mensagens de xenofobia e racismo.

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Marine Le Pen Reuters/PASCAL ROSSIGNOL

O BE exigiu nesta terça-feira que o Governo e a Câmara de Lisboa tomem posição sobre o convite da Web Summit à líder da extrema-direita francesa considerando inaceitável utilizar dinheiros públicos para passar mensagens de xenofobia e racismo.

Em declarações aos jornalistas na sede nacional do BE, em Lisboa, a deputada e dirigente bloquista Isabel Pires criticou o convite feito à líder do partido francês União Nacional para participar na Web Summit, evento que decorrerá na capital portuguesa em Novembro, considerando inaceitável que Marine Le Pen seja oradora na iniciativa.

"Neste momento tem de haver uma tomada de posição e tem de ficar esclarecido qual é que é a posição do Governo e da Câmara de Lisboa sobre este convite", exigiu.

Para Isabel Pires, a manter-se este convite, "não é aceitável que dinheiros públicos possam ser utilizados para, na verdade, ajudar Marine Le Pen a ter mais uma plataforma para passar mensagens de xenofobia e de racismo, como é a sua linha política".

"É um evento que tem um investimento público, há um contrato que foi feito em que estão investidos 3,9 milhões de euros durante estes três anos, divididos ao longo dos mesmos", justificou.
A dirigente do BE recordou que "durante a última campanha presidencial francesa, e já depois disso, as declarações de Marine Le Pen são declarações que incitam ao ódio, à xenofobia e ao racismo".

"E, portanto, não consideramos que seja aceitável a presença desta líder da extrema-direita francesa num evento em Portugal e, mais estranho, é que não exista qualquer declaração por parte do Governo, por parte da Câmara de Lisboa - que também está envolvida na organização deste evento - sobre a presença de Le Pen", condenou.

Questionada se impedir Le Pen de participar neste evento é limitar a liberdade de expressão, Isabel Pires rejeitou a crítica.

"A Constituição portuguesa é muito clara no que toca a organizações de cariz fascista. Quando se passam mensagens de ódio, não é aceitável que se possam dar plataformas que chegam a milhões de pessoas para fazer passar ainda mais estas mensagens", justificou.

Sobre o facto de a responsabilidade dos convites ser da organização da Web Summit, a deputada do BE concordou, mas insistiu que este evento "existe também porque existe um apoio público".
"Havendo estes apoios tem de haver também aqui um diálogo político sobre as escolhas que são feitas", concretizou.

No site do evento, o nome de Marine Le Pen está hoje entre os oradores convidados da edição deste ano, surgindo um pequeno texto identificando o cargo, formação e os últimos resultados eleitorais da líder do partido francês.

O nome de Marine Le Pen voltou assim a aparecer como oradora no evento, após ter sido inicialmente retirado do site oficial, ainda sem qualquer explicação por parte da organização.

Já na segunda-feira, a associação SOS Racismo exigiu que as entidades envolvidas na organização da Web Summit assumam uma posição pública sobre este convite, defendendo que Marine Le Pen seja desconvidada.