Marine Le Pen desaparece da lista de convidados da Web Summit Lisboa

A presidente da Frente Nacional constava da lista de oradores disponibilizada no site da Web Summit. Entretanto, desapareceu. Políticos à esquerda criticaram vinda da líder do partido de extrema-direita.

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THIBAULT VANDERMERSCH/reuters

Entre Ruzwana Bashir, uma empresária que consta da lista da Forbes dos 30 sub-30 a ter em conta em tecnologia, e John Skipper, antigo presidente do canal de desporto ESPN e actual presidente do Perform Group, aparecia a fotografia de uma convidada que causou rebuliço nas redes sociais: Marine Le Pen. A francesa, líder da Frente Nacional, constava do quadro de honra de 250 oradores para a Web Summit deste ano em Lisboa. Mas já não está. A contestação ao nome de Le Pen passou por vários partidos, incluindo o próprio PS, pelo deputado João Galamba.

A lista tem vindo a ser conhecida aos poucos e ainda há dois dias o Dinheiro Vivo dava conta da presença da francesa, líder do partido de extrema-direita, entre os convidados para a conferência em Lisboa em Novembro. Entretanto, é possível confirmar que o nome lá constava. Os motores de busca ainda associam o nome de Le Pen à página e há quem nas redes sociais tenha espalhado a fotografia de Marine Le Pen entre os oradores que iriam estar presentes.

Contudo, esta desapareceu. O PÚBLICO questionou a Web Summit sobre o porquê de Marine Le Pen já não ser convidada, mas ainda não foi possível obter uma resposta. 

Entretanto, várias foram as críticas à sua presença em Lisboa. O deputado do PS João Galamba insurgiu-se no Twitter: "Não se juntam, não, que a gente não aceita. Normalização de fascistas já ultrapassa em muito o aceitável", escreveu.

O líder do partido LIVRE e cronista do PÚBLICO, Rui Tavares, criticou esta escolha no Twitter, lembrando que a Câmara de Lisboa, que se associa ao evento, ainda há dois anos proclamava o princípio de ser uma cidade de "pontes" e não de "muros", o que está nos antípodas do que defende Le Pen.

Rui Tavares defende que não se deve dar palco ao discurso de Le Pen por encerrar em si princípios anti-democráticos. Em conversa com o PÚBLICO explica que não se opõe "ao direito de ela falar ou de a convidarem", mas sim ao facto de "lhe darem palco numa iniciativa apoiada pelo Estado português e pela Câmara de Lisboa, e que é descrita como estando relacionada com determinados valores que Lisboa e Portugal têm". "Não me parece o tipo de iniciativa onde uma convidada destas tenha cabimento", porque se estaria a promover, defende, uma "normalização dos fascistas". 

Já no Twitter tinha defendido que não se trata de retirar a voz a uma adversária política, mas sim de não promover o discurso perigoso. "Confirmo que é meu desejo que os fascistas não sejam normalizados, sim. E claro que isso não é extensível a outros adversários políticos com os quais posso discordar em muitas coisas, mas com os quais estou na defesa da democracia, do Estado de direito e dos direitos fundamentais", respondeu a um utilizador daquela rede.

Nas últimas horas várias têm sido as queixas naquela rede social sobre a presença de Marine Le Pen. O deputado do BE José Manuel Pureza foi um dos que se indignaram.

Também Fabian Figueiredo, dirigente do BE, considerou inaceitável este convite à francesa, que foi candidata à Presidência da República de França.

O PÚBLICO questionou também o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, mas até ao momento não foi possível obter respostas.

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