Maduro apresenta "provas de atentado" e polícia detém deputado da oposição

Presidente da Venezuela volta a acusar a Colômbia de envolvimento numa "conspiração da extrema-direita" e pede a Donald Trump que autorize a extradição de suspeitos.

Nicolás Maduro mostra as imagens de dois acusados
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Nicolás Maduro mostra as imagens de dois acusados LUSA/MIRAFLORES PRESS OFFICE / HANDOU
Momentos que se seguiram a uma das explosões no sábado, em Caracas
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Momentos que se seguiram a uma das explosões no sábado, em Caracas LUSA/MIGUEL GUTIERREZ
O deputado da oposição Juan Requesens foi detido na noite de terça-feira
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O deputado da oposição Juan Requesens foi detido na noite de terça-feira Reuters/Carlos Garcia Rawlins

Poucas horas depois das duas explosões de sábado na Avenida Bolívar, em Caracas, que o Governo diz ter sido um atentado falhado contra a vida de Nicolás Maduro, as autoridades já tinham detido seis suspeitos e o Presidente venezuelano acusava o chefe de Estado da Colômbia de estar por trás de uma "conspiração da extrema-direita" para o matar.

Três dias depois, na noite de terça-feira, Maduro dirigiu-se ao país, através da televisão e da rádio, para anunciar que os detidos confessaram o seu envolvimento e que os serviços secretos já completaram o resto do puzzle, a partir de registos de áudio e vídeo que foram apresentados durante a comunicação.

Segundo Maduro, o ataque de sábado foi organizado por dois deputados da oposição e executado por "terroristas" treinados na Colômbia entre Abril e Junho, num plano financiado a partir dos Estados Unidos com a colaboração do Presidente colombiano.

"Continuo espantado com tudo o que temos descoberto, com o envolvimento da oligarquia colombiana e com os métodos fascistas de importantes dirigentes políticos da oposição", disse Nicolás Maduro.

À mesma hora que o Presidente venezuelano falava ao país, o deputado da oposição Juan Requesens estava a ser detido por um grupo de agentes dos serviços secretos à entrada do seu apartamento, juntamente com a irmã, que viria a ser libertada pouco tempo depois.

Requesens, que é conhecido pelos seus discursos inflamados contra Maduro na Assembleia Nacional, é acusado de ser um dos organizadores do "atentado terrorista" contra o Presidente venezuelano e outros líderes políticos e militares durante as comemorações do 81.º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana, no sábado passado.

Nesse dia foram registadas duas explosões perto do palanque onde Maduro discursava – o Governo afirma que as explosões foram provocadas por dois drones carregados com explosivos, que teriam como alvo Nicolás Maduro e que foram desviados das suas rotas por bloqueadores de sinais.

Perda de imunidade 

Para além do deputado Requesens, o Presidente venezuelano nomeou também Julio Borges, o ex-presidente da Assembleia Nacional, a viver na Colômbia, como um dos mandantes do "atentado terrorista".

"Todas as declarações apontam para Julio Borges, ajudado pelo Governo da Colômbia", disse Maduro, referindo-se ao Presidente colombiano Juan Manuel Santos, cujo mandato terminou oficialmente esta terça-feira. Nos registos em áudio e vídeo apresentados pelo Presidente venezuelano, um antigo sargento acusado de ser o responsável operacional implica Borges e Requesens no plano.

Os dois membros da Assembleia Nacional têm imunidade parlamentar, mas o presidente da Assembleia Nacional Constituinte (pró-Maduro), Diosdado Cabello, marcou uma sessão extraordinária para esta quarta-feira com um único ponto: "O levantamento da imunidade parlamentar de deputados implicados no magnicídio falhado contra o irmão Presidente Maduro."

No meio da confusão de informações contraditórias entre Governo e oposição, a direcção do partido Primero Justicia – de que fazem parte Borges e Requesens – acusou o Presidente venezuelano de estar a perseguir a oposição para calar os protestos contra o Governo.

Para apoiar esta acusação, o Primero Justicia lembrou que pelo menos dois dos suspeitos de autoria material "do suposto atentado" – Osman Delgado Tabosky e Rayder Russo – foram denunciados em Dezembro do ano passado pela oposição como "agentes infiltrados pagos pelo regime". Essa denúncia foi feita pelo piloto de helicópteros Oscar Pérez, o opositor que lançou granadas de atordoamento sobre o edifício do Supremo Tribunal de Justiça, em 2017, e que viria a ser morto num raide da polícia e do Exército em Janeiro deste ano.

Tabosky e Russo, ambos nomeados como financiadores do plano, dificilmente serão confrontados com essa acusação – segundo as próprias autoridades venezuelanas, o primeiro mora na Florida, de onde não deverá ser extraditado devido às más relações entre Caracas e Washington, e o paradeiro do segundo não é conhecido.

Durante a sua comunicação ao país, que durou quase duas horas, o Presidente venezuelano voltou a acusar o ex-Presidente colombiano de envolvimento no plano e apelou ao Presidente dos Estados Unidos para que facilite a extradição de suspeitos como Tabosky: "Acredito que o Presidente Donald Trump não vai permitir que no território norte-americano se prepare o assassinato em massa de líderes civis e militares de um país como a Venezuela."

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