São ainda uma tradição bem visível em quiosques ou lojinhas de souvenirs e a associação feminista Femmes Solidaires quer acabar com isso. A explicação é simples: os postais sexistas “contribuem para uma cultura de violação” e uma “imagem degradante das mulheres” como “objectos consumíveis e desejáveis”. As palavras são da presidente da Femmes Solidares, Sabine Salmon, e explicam a campanha que a organização iniciou no dia 1 de Agosto: todos os dias, publicam no Twitter um postal que consideram sexista.
Em declarações ao El País, Sabine conta que já receberam dos seus mais de 10 mil associados cerca de uma centena de postais. Juntamente com as paisagens ou monumentos, essas imagens mostram corpos de mulheres seminuas — e isso, acreditam, “legitima e trivializa a violência contra a mulher”.
A campanha da Femmes Solidaires coincide com a aprovação de uma lei contra a violência sexual e sexista, que prevê a aplicação de multas em caso de assédio sexual na rua. “Há estereótipos da cor de pele e orientação sexual e esses clichés levam a uma discriminação que pode gerar violência”, aponta Sabine Salmon.
Em França, morre uma mulher a cada três dias. Por ano, 62 mil são vítimas de tentativa de violação ou de violação. Mas, apesar disso, a batalha da Femmes Solidaires não será fácil. Ao El País, Yves Nicolet, da editora Cellard, disse considerar a iniciativa inútil: “Hoje em dia esse é um mercado anedótico”, disse, sublinhando que tais postais não passam a mensagem sexista que a organização alega. E Nicolet não está sozinha. Eric Leconte, da editora Valoire Estel, acredita que esse mercado das mulheres nuas está praticamente extinto. “Há outras coisas no mundo muito mais importantes.”