Pilotos alemães juntam-se à greve de sexta-feira da Ryanair
Paralisação que afecta a transportadora aérea de baixo custo abrange também pilotos da Irlanda, Suécia e Bélgica.
Os pilotos alemães ligados à Ryanair vão fazer greve na próxima sexta-feira, juntando-se assim aos colegas da Suécia, Irlanda e Bélgica, que reivindicam uma melhoria dos salários e das condições de trabalho. A confirmação da participação dos pilotos alemães foi feita esta quarta-feira por parte do sindicato Vereinigung Cockpit.
De acordo com a Reuters, este sindicato afirmou que a transportadora aérea irlandesa de baixo custo não tem mostrado abertura para responder às exigências, e que implicam um aumento das despesas. A Reuters avança que o sindicato holandês VNV também pretende aderir à greve, mas que a Ryanair vai recorrer aos tribunais para tentar evitar a participação dos pilotos holandeses.
Em comunicado emitido esta quarta-feira, a transportadora aérea irlandesa afirma que a decisão do sindicato alemão é "desnecessária" e vai obrigar a cancelar 250 voos na sexta-feira. A este número junta-se os outros 146 que já tinham sido cancelados na Irlanda, Bélgica e Suécia, totalizando quase 240 voos, o equivalente, diz a Reuters, a cerca de 17% do total dos voos que tinha previsto realizarem-se nesse dia.
Este ano, e depois de uma breve paralisação de quatro horas por parte dos pilotos alemães que ocorreu a 22 de Dezembro de 2017, a Ryanair tem vindo a confrontar-se com greves de pilotos e também de tripulantes de cabine. No caso dos pilotos irlandeses, a paralisação de sexta-feira será o sexto dia de greve, tendo o primeiro ocorrido a 12 de Julho.
A greve de tripulantes de cabine de Portugal, Espanha, Bélgica e Itália que ocorreu a 25 e 26 de Julho (no caso de Itália foi apenas no primeiro dia) também obrigou a diversos cancelamentos. Antes, também já se registara uma greve em Portugal nos dias 29 de Março e 1 e 4 de Abril, organizada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Entre as reivindicações está a aplicação da “legislação nacional imperativa relativa a cada país nos respectivos contratos de trabalho [algo que protege mais os trabalhadores] e regulamentos internos da empresa” e a igualdade de condições de trabalho, nomeadamente ao nível da remuneração, a todos os trabalhadores, incluindo os subcontratados pelas empresas que trabalham com a Ryanair, a Crewlink e a Workforce. Os sindicatos querem que a empresa inicie negociações com os representantes escolhidos, sem restrições.
Na sequência da greve de 25 e 26 de Julho, conforme noticiou o PÚBLICO, a Ryanair enviou uma carta aos tripulantes de cabine que optaram pela paralisação, informando-os de que não lhes seriam pagas componentes do salário e que as ausências seriam tidas em conta para futuras promoções e transferências. Esta carta foi depois remetida pelo SNPVAC para a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que a está a analisar, tendo sido incluída no processo que foi desencadeado na sequência da greve de Março/Abril. AO PÚBLICO, fonte oficial da ACT afirmou que, na sequência das acções então realizadas para averiguar se havia irregularidades ligadas à substituição de trabalhadores grevistas, tinha sido “necessário solicitar à sede da Ryanair, em Dublin, Irlanda, bem como às suas subcontratadas Workforce e Crewlink um conjunto vasto de informação”. “Após análise da documentação enviada pelas três empresas, recebida em Maio de 2018, considerou-se necessário solicitar esclarecimentos complementares às mesmas empresas”, afirmou a mesma fonte.
Por seu lado, a Ryanair já veio afirmar que os tripulantes grevistas não terão consequências na carreira. “Queremos clarificar que a participação na greve da semana passada não irá afectar de forma alguma a actual ou futura candidatura para transferências ou promoções”, afirmou a empresa numa carta enviada aos tripulantes e citada pela Lusa.
A empresa liderada por Michael O'Leary tem 86 bases distribuídas por 37 países, e transportou 130 milhões de passageiros em 2017.