Terminou a limpeza do fundo do Tejo

Análises despistaram a presença de resíduos perigosos. As lamas desidratadas devem ser encaminhadas para valorização agrícola dos solos.

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Local onde estão depositadas – e onde vão secar – as lamas retiradas do Rio Tejo LUSA
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APA espera iniciar em Setembro os trabalhos de recuperação do terreno integrado no Monumento Natural das Portas de Ródão onde foi montado o estaleiro Ricardo Lopes

Termina nesta quinta-feira a acção de limpeza do fundo do rio Tejo, em Vila Velha de Ródão. Desde o início, a 18 de Junho, foram aspirados para gigantescos sacos permeáveis 93 mil metros cúbicos de lamas e água que as autoridades do Ambiente decidiram retirar para melhorar a qualidade da água fluvial. Antes do final do ano, a tutela espera devolver o terreno ocupado à proprietária.

Agora segue-se a secagem das lamas, durante a qual o volume de sedimentos deve diminuir significativamente. Esta fase deve estar terminada antes do final de Setembro, estima José Carlos Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Ao que tudo indica, as lamas desidratadas vão ser depois encaminhadas para valorização – como a fertilização de solos agrícolas –, uma vez que as análises despistaram a presença de resíduos perigosos, como metais pesados, hidrocarbonetos e pesticidas, garante o responsável pela área dos recursos hídricos da agência.

Por questão de zelo, adianta Pimenta Machado, os sedimentos vão ser novamente analisados antes de serem encaminhados para empresas com actividades de valorização. Para as seleccionar está já a decorrer um concurso com mais de uma dezena de entidades identificadas pela APA, mediante critérios de proximidade.

Parte do equipamento usado naquela que foi considera a maior operação do género no país começou também nesta quinta-feira a ser desmontado. A expectativa da APA é que em Setembro as lamas sejam retiradas e se iniciem os trabalhos de recuperação ambiental e paisagística do terreno integrado no Monumento Natural das Portas de Ródão onde foi montado o estaleiro. Na sequência da tomada de posse administrativa por parte do Governo, após falhadas negociações com a proprietária, o executivo comprometeu-se a repor integralmente as condições da área ocupada.

“Antes do final do ano, algures no final de Novembro, estará tudo terminado”, assegura Pimenta Machado. Toda a operação estava orçada em 1,7 milhões de euros, custeados pelo Estado, tendo o Governo admitido a possibilidade de serem reclamados às empresas de celulose sediadas em Vila Velha de Ródão, caso os processos judiciais em curso concluam que foram elas as responsáveis pela poluição do Tejo.

Operação Tejo Limpo

Esta acção de limpeza integra-se naquilo a que o Governo chamou Operação Tejo Limpo, criada na sequência da vasta mancha de espuma detectada no Tejo em Janeiro. Antes do início dos trabalhos tinham sido identificados cerca de 31 mil metros cúbicos de lamas orgânicas depositadas apenas no troço entre Vila Velha de Ródão e Belver, resultantes de um acumular de matéria orgânica proveniente das empresas de celulose que operaram na região. Por consumirem oxigénio em excesso, contribuíam para a deterioração da qualidade da água.

No âmbito desta operação dar-se-á também o regresso ao Tejo dos antigos guarda-rios, agora denominados vigilantes da natureza. Neste momento o concurso para contratação de cincos profissionais está a ser preparado, mas Pimenta Machado não avança com datas sobre quando irão entrar ao serviço nas áreas ribeirinhas em Castelo Branco, Abrantes e Vila Velha de Ródão.

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