CGD passa de prejuízos a lucros de quase 200 milhões

O banco público apresentou um lucro de 194 milhões entre Janeiro e Junho, um período durante o qual saíram mais de 400 trabalhadores da instituição.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve lucros consolidados de 194 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que compara com os prejuízos de 50 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2017, divulgou hoje o banco.

Entre Janeiro e Junho deste ano, a margem financeira caiu 2% em termos consolidados para 593 milhões de euros e os resultados de serviços e comissões aumentaram 10% para 239 milhões de euros.

Já a constituição de provisões e imparidades (para fazer face a perdas, nomeadamente com crédito) desceu significativamente, 89%, para 45 milhões de euros, segundo o banco. O ano passado até Junho tinham sido constituídos 390 milhões de euros em provisões.

Nos custos da estrutura, os gastos recorrentes caíram 14% para 465 milhões de euros. Contudo, destes valores estão excluídos os custos de 50,7 milhões de euros em 2018 com o programa de redução de trabalhadores, sobretudo, e de gastos gerais administrativos.

Saída de mais de 400 trabalhadores

Mais de 400 trabalhadores saíram da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre Janeiro e Junho deste ano, segundo os dados divulgados pelo banco público. No final de Junho a CGD tinha 7903 empregados na actividade em Portugal, menos 418 do que os 8321 que tinha no final de 2017.

A CGD voltou a abrir este ano um novo programa de rescisões por mútuo acordo e de reformas antecipadas, tal como já fez no passado. Em 2017, deixaram a CGD quase 550 trabalhadores.

Quanto à rede de balcões, no final de Junho, a CGD Portugal tinha 522 agências, menos 65 do que no final de 2017, quando tinha 587 balcões.

O fecho de agências da CGD tem motivado vários protestos.

Banco tem 18 mil créditos para deduzir juros

A CGD tem 18.000 créditos à habitação em que terá de deduzir juros negativos, o que implicará um custo de cerca de 100 mil euros por mês, disse hoje o presidente executivo do banco público.

“São 18.000 créditos e com impacto na sua prestação mensal de seis euros em média”, disse hoje Paulo Macedo, na conferência de imprensa de apresentação de resultados semestrais.

Assim sendo, o banco detido pelo Estado terá um custo de cerca de 100 mil euros por mês com a nova legislação que obriga os bancos a aplicarem juros negativos no crédito à habitação, o que por ano soma um custo total de 1,2 milhões de euros.

Paulo Macedo disse ainda que o banco tomou a opção de deduzir os juros ao capital em dívida.

Na semana passada foi publicada em Diário da República a lei que estipula que os bancos são obrigados a reflectir nos contratos do crédito à habitação os valores negativos das Euribor, tendo até 30 de Julho para rever o indexante de cálculo da taxa de juro dos créditos.

“Quando do apuramento da taxa de juro resultar um valor negativo, deve este valor ser reflectido nos contratos de crédito”, lê-se na lei publicada, à data, em Diário da República.

O diploma esclareceu que “o valor negativo apurado deve ser deduzido ao capital em dívida na prestação vincenda”.

A lei tem impacto quando a taxa de juro média negativa das Euribor anula o 'spread' (margem de lucro comercial) cobrado pelo banco, o que tem impacto nos créditos com 'spreads' muito baixos.