A consolação belga foi fazer o seu melhor Mundial de sempre

Triunfo por 2-0 sobre a Inglaterra valeu à Bélgica o terceiro lugar no Rússia 2018. Kane ficou em branco, mas deverá terminar o torneio como o melhor marcador do torneio.

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A festa dos jogadores belgas LUSA/ANATOLY MALTSEV

Há quem diga que o jogo do terceiro lugar do Mundial é uma crueldade desnecessária para quem participa e que serve de fraca consolação para quem esteve tão perto de chegar à final. É como uma obrigação contratual a que as selecções estão obrigadas, uma espécie de final B mais apetecível para quem não está habituado a chegar tão longe, um suplício para quem está habituado a títulos. No Rússia 2018, o prémio de consolação acabou por ficar com a Bélgica, vitoriosa em São Petersburgo sobre a Inglaterra, um triunfo que lhe valeu a sua melhor participação de sempre na fase final de um Campeonato do Mundo.

Antes deste Mundial, o melhor que a Bélgica alguma vez tinha feito era um quarto lugar no México, com uma grande geração que tinha Pfaff, Gerets, Ceulemans, Vercauteren e Scifo, e que teve o caminho barrado pela Argentina de Maradona. Trinta e dois anos depois, o Rússia 2018 foi a afirmação plena de mais uma grande geração dos “diabos vermelhos”, com Courtois, De Bruyne, Lukaku e Hazard, um terceiro lugar com promessa de voos mais altos e com prazo de validade ainda longo. Igual promessa deixou esta jovem e talentosa selecção inglesa que igualou os feitos da selecção de 1990 e que ainda terá tempo de voltar a tentar imitar os campeões de 1966. E tem em Harry Kane um grande e jovem goleador, que deverá terminar como o melhor marcador do torneio (seis golos), embora ontem tenha voltado a ficar em branco.

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Mais de duas semanas depois de se terem encontrado na fase de grupos naquele que foi um dos piores jogos do Mundial, Bélgica e Inglaterra voltavam a encontrar-se em São Petersburgo para jogar pela medalha de bronze. Roberto Martínez manteve-se fiel ao seu melhor plano, Gareth Southgate apresentou uma equipa bastante alternativa em relação ao que tinham sido as suas primeiras escolhas durante o Mundial, mudando muito, sobretudo no meio-campo, mas mantendo a sua filosofia de progressão lenta e segura.

Quem não quis perder tempo foi a Bélgica, que se colocou em vantagem logo aos 4’, numa jogada em que Nacer Chadli cruzou para Thomas Meunier fazer o golo à entrada da pequena área, tudo feito a uma velocidade que apanhou a defesa inglesa desprevenida e Jordan Pickford completamente desprotegido.

O golo acabou por ser uma boa amostra do que foi a primeira parte: um domínio posicional, mas pouco efectivo da Inglaterra, e uma Bélgica muito rápida de cabeça e de pernas, com De Bruyne e Hazard a comandarem as operações, mas sem terem a melhor versão de Lukaku para dar a melhor sequência.

O jogo mudou um pouco de figura na segunda parte, com a entrada de Jesse Lingard e Marcus Rashford. Toda a Inglaterra melhorou com a entrada da dupla do Manchester United, mas também se expôs um pouco mais defensivamente e a Bélgica quase aproveitou aos 56’, num maravilhoso passe de De Bruyne a meter a bola perfeita nos pés de Lukaku, mas o avançado do United não dominou bem a bola e deixou-se antecipar por Pickford, mais uma vez excelente na baliza inglesa — um dos melhores num torneio que tem tido excelentes guarda-redes.

Outro grande guarda-redes estava na outra baliza, mas Courtois esteve bem perto de sofrer o golo do empate, numa investida até à área de Eric Dier aos 70’. O ex-sportinguista entrou na grande área com a bola dominada, picou por cima do guarda-redes belga, mas a bola só não entrou porque Toby Alderweireld, seu colega no Tottenham, fez o desvio em cima da linha. Aos 80’, Meunier esteve perto de bisar, mas Pickford voltou a brilhar na baliza inglesa. O guardião do Everton já não conseguiu foi segurar o remate de Hazard após um domínio de bola fantástico a responder a mais um passe brilhante de De Bruyne.

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