Anderson na final após vencer o terceiro encontro mais longo de sempre

A primeira meia-final masculina de Wimbledon durou seis horas e 35 minutos.

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Kevin Anderson Reuters/TONY O'BRIEN

Não podia ter sido mais longo o percurso de Kevin Anderson até à final de Wimbledon: mais de quatro horas na quarta-feira e seis horas e meia ontem. Mas enquanto o trabalho de recuperação fica a cargo do seu fisioterapeuta, o português Carlos Ramos, o sul-africano pode saborear a vitória sobre John Isner, no terceiro encontro mais longo da história. Dez meses depois da presença na final do Open dos EUA, Anderson volta a estar na discussão de um título do Grand Slam.

“Peço desculpa por não estar mais entusiasmado neste momento… são várias emoções ao mesmo tempo”, disse o sul-africano, demasiado fatigado para estar exuberante com a sua primeira presença na final do Grand Slam britânico. A vitória sobre Isner ficou concluída com os parciais de 7-6 (8/6), 6-7 (5/7), 6-7 (9/11), 6-4 e 26-24, ao fim de seis horas e 35 minutos. Mais longos só os encontros entre Isner e Nicolas Mahut, no torneio de Wimbledon de 2010 (11h05) e o de Leonardo Mayer e João Souza, numa eliminatória da Taça Davis em 2015 (6h43).

No embate de gigantes, Isner, de 2,08m de altura, partia favorito pois tinha derrotado este adversário nos últimos cinco duelos e ainda não tinha sofrido um break nas cinco rondas disputadas nesta edição de Wimbledon. Anderson, cinco centímetros mais baixo, vinha de um triunfo histórico sobre Roger Federer, depois de salvar um match-point.

Depois de dois sets sem breaks, decididos apenas por poucos pontos nos tie-breaks, Anderson conseguiu aquilo que nenhum jogador ainda tinha feito neste torneio: quebrou o serviço de Isner. O norte-americano, que não sofria um break há 110 jogos de serviço consecutivos, não acusou o momento e quebrou o serviço adversário. Em mais um inevitável tie-break, Anderson desperdiçou um set-point com uma dupla-falta. O sul-africano viria a ter nova ocasião de fechar o set, negada pelo serviço do norte-americano que acabaria por fechar, com três horas de jogo.

Os progressos de Anderson, sobretudo ao nível mental, vieram ao de cima e com novo break, a 3-2, passou a liderar o quarto set. Mas novamente Isner reagiu e obteve o contra-break. O sul-africano teve o mérito de não se deixar ir abaixo e conseguiu mais um break, para servir a 5-4. A incerteza ainda durou, pois Anderson não fechou quando liderou por 40-0, mas à quarta tentativa, forçou o quinto set.

A partida decisiva foi um desfilar de jogos ganhos por quem servia, ao mesmo tempo que se iam batendo recordes de duração. Ao fim de quatro horas e 45 minutos, estava estabelecido uma nova marca para a mais longa meia-final em Wimbledon.

A maior consistência de Anderson foi-se sentindo e os ases (53 no total, contra 49 do sul-africano) não conseguiam disfarçar as crescentes dificuldades físicas do norte-americano; Isner teve de salvar break-points a 7-7, 10-10 e 17-17 (dois). Ao completarem-se cinco horas e 32 minutos, este duelo já era o segundo mais longo da história de Wimbledon, só superado pela maratona Isner-Mahut.

A 24-24 e após um incrível ponto em que escorregou e devolveu a bola segurando na raqueta apenas com a mão esquerda, Anderson ficou com três break-points ao seu dispor (0-40). Poucos minutos depois, Anderson erguia os braços, mas não sobravam muitas forças para festejar. “Espero que seja um sinal para o Grand Slam mudar o formato. No final, já não nos sentimos muito bem ali”, sublinhou Anderson.

A segunda meia-final, entre dois dos principais candidatos ao título, Rafael Nadal e Novak Djokovic, teve início já depois das 20 horas, sob o tecto fechado e luz artificial e com fim marcado para as 23 horas – segundo acordado com os responsáveis daquela zona de Londres. As filas de espectadores para recomprar um bilhete para o court central, disponibilizado por quem abandonasse o All England Club após a primeira meia-final, eram enormes.

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