EUA dá o pontapé de saída na guerra comercial e a China retalia

Washington anunciou a imposição de taxas sobre importações chinesas no valor de 34 mil milhões de dólares. Pequim respondeu da mesma moeda.

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Trump nunca escondeu a sua frustração em relação à política económica de Pequim REUTERS/Brian Snyder

A perspectiva de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China, tantas vezes instigada por Donald Trump, passou do papel à realidade. Por ordem do Presidente norte-americano, desde as 00h01 desta sexta-feira que vigora a imposição de taxas alfandegárias sobre importações chinesas, num valor calculado em 34 mil milhões de dólares (cerca de 29 mil milhões de euros). A retaliação de Pequim foi quase imediata e envolve os mesmos valores.

“A China prometeu não fazer o primeiro disparo, mas para defender os interesses fundamentais do país e da sua população, é forçada a contra-atacar”, refere o Ministério do Comércio chinês, em comunicado, denunciando o bullying norte-americano e prometendo “defender o livre comércio e o sistema multilateral”, em conjunto com outros países. Segundo o Governo chinês, os EUA “deram início à maior guerra comercial da história económica”, daí a resposta igualmente disruptiva.

Apesar de ter iniciado conflitos comerciais em várias frentes, através da adopção de medidas proteccionistas ou da imposição de taxas sobre alumínio e aço — entre outros produtos — à União Europeia, México, Canadá, Brasil ou Japão, Trump nunca escondeu que era com a China que queria travar a sua batalha, mesmo que os efeitos da sua estratégia possam ser mais nefastos para as economias dos parceiros tradicionais dos EUA.

O Presidente acusa os chineses de levarem a cabo práticas comerciais injustas, de também aplicarem taxas altíssimas sobre produtos norte-americanos e fala de um desrespeito total de Pequim em relação à propriedade intelectual das empresas norte-americanas. Trump diz que a China está a aproveitar-se da sua tecnologia para conseguir vender mais facilmente os seus produtos nos EUA e, com esse gesto, desequilibrar a balança comercial em seu favor.

Empresas como a Ford, General Motors, Husco Internacional ou Jonh Deere enfrentam, desde a meia-noite, um aumento de 25% nos preços sobre mais de 800 produtos importados da China. A resposta chinesa envolve taxas sobre 545 produtos norte-americanos.

De acordo com o New York Times, para além das medidas punitivas aplicadas a partir desta sexta-feira sobre importações chinesas, para os próximos dias espera-se a imposição de novas taxas no valor de 16 mil milhões de dólares e a entrada em vigor de restrições ao investimento e à emissão de vistos para cidadãos chineses.

Somando a isto a retaliação de Pequim, esperam-se meses difíceis para empresas e consumidores das duas maiores economias do planeta e muita incerteza no resto do globo. Até porque a administração Trump está dividida quanto aos próximos passos.

“De momento não consigo prever como isto possa terminar. Está tudo nas mãos do Presidente, uma vez que os seus conselheiros parecem divididos – alguns substancialmente, outros tacticamente”, diz Edward Alden, investigador do Council on Foreign Relations, ao diário nova-iorquino.

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