Não seria primeira escolha, mas já marcou posição na Rússia

A titularidade, as exibições e o golo que Benjamin Pavard marcou pela selecção de França estão a atrair a atenção de grandes clubes europeus.

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Pavard marcou o golo que restabeleceu o emapte no jogo contra a Argentina. Reuters/PILAR OLIVARES

Não estava destinado a Benjamin Pavard ter tanto protagonismo na Rússia, mas acabou por fazer um golo que certamente entrará para a lista dos melhores que foram marcados neste Mundial. A bola cruzada por Lucas Hernández bateu duas vezes na grande área e a distância em relação ao solo foi a suficiente para Pavard, à entrada da área, rematar de primeira. Parecia que a bola ia para fora, mas acabou por desenhar um arco perfeito e fugir a Franco Armani para entrar na baliza.

O golo do lateral-direito não foi só bonito. Foi muito importante para a França, que aos 57’ perdia por 1-2 com a Argentina nos oitavos-de-final. O empate embalou os franceses, que acabaram por vencer por 4-3. “Eu só tentei ficar por cima dela [bola] e mantê-la baixa. Estava a tentar batê-la na direcção de onde veio, que é o que os pontas-de-lança me dizem”, explicou Pavard, que joga no Estugarda desde 2016, após a vitória que levou “Les Bleus” aos quartos-de-final. “Fazer um remate como aquele... não consigo descrever. Ainda estou a sentir-me emocionado”.

Mas antes da felicidade que sentiu ao ajudar a selecção, Benjamin Pavard, de 20 anos, que fez 57 jogos na Alemanha nas duas últimas épocas, teve de convencer Didier Deschamps nos meses pré-Campeonato do Mundo. “Quando ouvi o meu nome... No início, ouvi ‘Benjamin’ e pensei que era eu, mas era o Mendy. Depois, fui eu”, contou o defesa ao canal de televisão BFM Sport, descrevendo o anúncio da convocatória. “Disputar um Mundial com a minha idade é extraordinário”, rejubilou.

Jogador polivalente

Djibril Sidibé, do Mónaco, seria a primeira escolha para a lateral direita da França, mas uma lesão sofrida num joelho chegou a pôr em causa a sua chamada para a Rússia. Sidibé acabou por ser convocado, mas foi Parvard o titular nos dois primeiros jogos, nas vitórias sobre a Austrália (2-1) e o Peru (1-0). O lateral monegasco chegou a fazer os 90 minutos contra a Dinamarca, já com a França qualificada, e o seu joelho piorou. Nos “oitavos”, Pavard voltou ao “onze” e justificou a escolha de Deschamps com uma grande exibição e um golo para recordar.

Na Rússia, Pavard está a desempenhar a função de lateral-direito, mas a sua posição de raiz é a de central. "Lateral-direito, central, lateral-esquerdo - é tudo igual para mim. Tens de ser capaz de defender. Estou contente em todas as posições", afirmou o francês. A polivalência do jogador está a valer-lhe comparações com Lilian Thuram, histórico francês com maior número de internacionalizações (142) e que também podia desempenhar diferentes funções.

A prestação de Benjamin, que começou a carreira profissional no Lille, em 2014, está a atrair a atenção de alguns clubes da alta-roda europeia, como o Arsenal e o Bayern Munique. O director desportivo do Estugarda não esconde que será difícil manter o jogador, que pode até actuar como médio defensivo: “Estaríamos a dizer adeus a muito dinheiro se ele jogasse connosco mais um ano [tem contrato até 2019]. Acho que ele vai mudar-se e jogar por um dos oito melhores clubes da Europa”, prevê Michael Reschke, citado pela revista alemã Sport Bild.

O sacrifício dos pais

 A ligação do jogador ao futebol começou aos nove anos, quando ingressou nas camadas jovens do Lille, mas não era fácil o caminho que tinha de percorrer desde Maubeuge, sua cidade natal, até ao clube. Os pais faziam cerca de cem quilómetros para o levar aos treinos, ritual que era repetido quatro vezes por semana, conta o Libération. E era já no balneário que a mãe obrigava o jovem Pavard a fazer os trabalhos de casa. "Eles [pais] investiram no seu desenvolvimento pessoal para lhe permitirem realizar o seu sonho", contou Jean-Michel Vandamme, director do centro de treinos do Lille.

"Os meus pais fizeram sacrifícios enormes desde que eu era pequeno. Todos os quilómetros que eles fizeram por mim são importantes. Significam muito para mim. Também é gratificante para eles porque eles estão sempre lá a apoiar-me", fez saber Pavard.

O defesa esteve no Lille até 2016, ano em que deixou de ser opção para Frédéric Antonetti, então treinador do clube francês. À procura de minutos de utilização, Pavard decidiu rumar ao Estugarda, que tinha acabado de ser despromovido à segunda divisão do futebol alemão. "Algumas pessoas disseram que a minha carreira ia regredir porque o Estugarda estava na segunda divisão quando eu me juntei a eles, mas acabou por correr bem", lembrou o jogador ao site Goal.com.

Nessa época, o Estugarda acabou por ser campeão do segundo escalão e subiu à Bundesliga para a época 2017-18. No final, o clube terminou na sétima posição. "Tenho dado grandes passos como jogador. Estou a jogar futebol regularmente num clube alemão de topo, em estádios com lotação esgotada. Está tudo a correr bem".

 

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