PS dá sinal aos parceiros e diz que vota a favor de algumas propostas

Líder parlamentar dos socialistas responde ao PSD dizendo que é preciso “esperar para ver, não basta ouvir”.

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Rui Gaudêncio

Carlos César não diz quais, mas referiu que o PS, se tiver de votar, irá votar a favor de “algumas” das 18 propostas do PCP e do BE que estarão esta sexta-feira em debate sobre as alterações à lei laboral. Este é um sinal dos socialistas na véspera de um momento que se prevê de tensão entre o PS e os parceiros mais à esquerda.

A indicação que havia era de que os socialistas seriam contra as propostas dos partidos, mas agora, depois da reunião da bancada do grupo parlamentar, Carlos César admitiu viabilizar algumas medidas. “Se os 18 diplomas que estão presentes tiverem de ser votados, votaremos a favor de alguns desses diplomas”, disse o socialista nesta quinta-feira na sessão parlamentar, apesar de defender que estes não deveriam ser sujeitos a votação, baixando para discussão na Comissão do Trabalho.

"O PS entende que seria mais útil, do ponto de vista de uma discussão tendo em presença todos os diplomas que até agora surgiram em matéria de legislação laboral, que esses mesmos diplomas pudessem todos baixar a comissão sem votação", afirmou. Votará a favor apenas daqueles “que não desvirtuem” o acordo de Concertação Social e que podem ser sujeitas “a alterações na especialidade”.

Uma vez que a proposta do Governo não será votada, apenas discutida, César remete para a discussão na especialidade, que só ocorrerá no Outono, em cima do debate do Orçamento do Estado.

Sobre esta matéria, e em jeito de resposta ao ministro do Trabalho e Segurança Social, que ontem pediu para que as alterações introduzidas não alterem substancialmente o acordo alcançado em concertação social, César disse que o PS se prepara para apresentar propostas, quando a proposta de lei for para a comissão da especialidade, que contribuirão “para que esse acordo seja ainda mais valorizado e mais defendido em tudo o que o PS entende poder ser objecto de abuso ou de permeabilidade que o desvirtue”.

Esta manhã, o líder parlamentar do PSD pediu ao PS que tenha atenção ao espírito do acordo com os parceiros e Carlos César aproveitou a deixa para criticar os sociais-democratas: “Esse é um novo estatuto do PSD de intérprete desse acordo, que foi feito pelo Governo, que é do PS e dos parceiros sociais. Estamos muito mais perto do espírito desse acordo do que o PSD que, aliás, nunca tem um espírito muito assente e muito estável sobre coisa alguma, como se viu na sua declaração de hoje sobre o OE”, defendeu.

César referia-se às declarações de Fernando Negrão que esta manhã afirmou que o partido votaria “tendencialmente contra” o Orçamento do Estado. “O problema é este, no caso do PSD, entrámos numa fase em que temos de esperar para ver, não basta ouvir. Na medida em que uma vez um vice-presidente diz uma coisa, outra vez o líder parlamentar diz outra”, concluiu.

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