Estudo de impacte ambiental do projecto para a Quinta dos Ingleses está em consulta pública
Até 18 de Julho, quem quiser conhecer melhor o projecto, assim como propor algumas alterações pode fazê-lo.
Está em consulta pública o Estudo de Impacte Ambiental do megaprojecto que mudará por completo a paisagem da zona ribeirinha de Carcavelos. Num terreno que é conhecido como Quinta dos Ingleses será erguida uma mega-urbanização numa área de 54 hectares. O estudo de impacte ambiental está em consulta pública até 18 de Julho para os que quiserem deixar, por escrito, opiniões ou sugestões ao projecto.
A proposta tem sido amplamente contestada pela população que a considera “megalómana” e desadequada ao local. Numa área de 54 hectares, onde se situa o colégio inglês "St. Julian's", serão erguidos 906 fogos, sem condomínios privados, já depois de a câmara ter aceitado fazer algumas alterações ao plano, depois de este ter estado em discussão pública. Entre essas alterações incluíram a redução do número de fogos para 906 (antes eram 939) e a recusa de condomínios privados na urbanização. O estudo prevê que aquela zona venha a ter capacidade para acolher mais de 2300 residentes.
A construção na Quinta dos Ingleses tem sido adiada desde a década de 1960, por questões ambientais e sociais já que o projecto está inserido na área protegida do Parque Natural Sintra-Cascais, em leito de cheia, e numa zona sensível que inclui áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional (REN), que são "relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico, áreas de protecção do litoral, áreas de prevenção de riscos naturais”, lê-se no estudo.
No entanto, a 27 de Maio de 2014, a Assembleia Municipal de Cascais acabou por aprovar o polémico Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos - Sul, que possibilita a construção naquele terreno junto à marginal. Em Março, questionada pelo PÚBLICO, a câmara de Cascais adiantou que o processo de licenciamento do projecto da Quinta dos Ingleses estava já “está em curso”.
Além de habitação, naqueles terrenos deverão nascer ainda um hotel de cinco pisos, espaços comerciais e de serviços e um espaço empresarial. Para o parque urbano estão destinados cerca de dez hectares. O projecto prevê ainda a construção de equipamentos desportivos – um novo centro gímnico e dois campos de futebol – e de um novo centro paroquial e um centro de dia.
No global, e de acordo com as estimativas feitas, o empreendimento poderá vir a gerar 4251 postos de trabalho, directos e indirectos, refere o estudo.
No entanto, não se verá tão cedo o resultado, já que a construção deverá estender-se ao longo de 15 anos, com um investimento que poderá chegar aos 270 milhões de euros, por parte dos promotores: a imobiliária Alves Ribeiro e a St. Julian’s School Association. Um dos argumentos da autarquia para justificar a empreitada do plano prende-se com o “risco” de a câmara de Cascais ter de pagar uma indemnização de 264 milhões de euros aos promotores, caso o projecto não avance.
O estudo pode ser consultado na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT), Agência Portuguesa do Ambiente, Câmara Municipal de Cascais e União das Freguesias de Carcavelos e Parede, encontrando-se também disponível no Portal Participa.