Mariana Caló e Francisco Queimadela vencem Prémio Paulo Cunha e Silva

Júri viu no trabalho da dupla portuguesa “uma obra mágica, misteriosa e poética, cuja paradoxal fragilidade monumental projecta um espaço de liberdade humanista”.

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Parte do projecto de Mariana Caló e Francisco Queimadela na exposição na Galeria Municipal do Porto Dinis Santos/ CMP

A dupla portuguesa Mariana Caló-Francisco Queimadela é a vencedora da primeira edição do Prémio Paulo Cunha e Silva, iniciativa lançada pela Câmara Municipal do Porto no final de 2016 com o objectivo de homenagear o seu antigo vereador da Cultura.

Mariana Caló (n. Viana do Castelo, 1984) e Francisco Queimadela (n. Coimbra, 1985) apresentaram a concurso “uma instalação imersiva, construída a partir de seis elementos de imagem em movimento e uma intrincada paisagem sonora dentro de uma estrutura arquitectónica e escultórica de grande escala”, descreve o júri, que decidiu este prémio por unanimidade, segundo o comunicado enviado pela Câmara do Porto.

Constituído pelo artista português Julião Sarmento, pelos curadores João Laia e Vicente Todolí (o espanhol que dirigiu o Museu de Serralves), e pela coreógrafa norte-americana Meg Stuart, o júri viu no trabalho dos dois artistas “uma obra mágica, misteriosa e poética, cuja paradoxal fragilidade monumental projecta um espaço de liberdade humanista” e cujos elementos – imagens, sons e espaço – “criam um ambiente hipnotizante, que subtilmente aborda e questiona a nossa condição actual”. E acrescenta que “a instalação combina na perfeição uma série de referências, que dão eco a diferentes cenários espaciais e temporais, como as cigarras japonesas, o processo de digitalização de uma publicação sobre escultura, as imagens captadas em lugares rurais do Norte de Portugal e construções piramidais”. “Estes elementos”, argumenta ainda o júri, "produzem um sentido de interconectividade e harmonia entre as diferentes agências activas no nosso planeta, assim como um sentido fluido e maleável de tempo”.

A decisão do júri terá agora de ser ratificada em reunião do executivo camarário, onde será apreciada no próximo dia 24 de Julho.

Um prémio com 47 concorrentes

Foi da responsabilidade do mesmo júri a selecção dos seis projectos finalistas, escolhidos a partir de uma lista inicial de 47 concorrentes nomeados por um conjunto de curadores internacionais, convidados pela autarquia para o efeito. As obras seleccionadas podem ser vistas desde 9 de Junho, e até 19 de Agosto, na Galeria Municipal do Porto (ao Palácio de Cristal), numa exposição que teve como curadores João Laia e Guilherme Blanc, assessor para a Cultura do presidente Rui Moreira.

Os restantes finalistas são o brasileiro Jonathas de Andrade, a espanhola June Crespo, a norte-americana Christine Sun Kim, o guatemalteco Naufus Ramírez Figueroa e a ucraniana Olga Balema.

Mariana Caló e Francisco Queimadela formaram-se em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e trabalham como dupla desde 2010. Têm mostrado o seu trabalho no Porto, em Braga, em Florença e em Londres, e também em exposições colectivas em galerias de Lisboa e no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, ou ainda em mostras e festivais de cinema como o IndieLisboa, o ICA Filadélfia, o Art of the Real (Nova Iorque), o IFFR (Roterdão), o Underdox (Munique) e o FID (Marselha).

Os dois foram bolseiros da Fundação Calouste Gulbenkian e artistas residentes na Gasworks, em Londres. Em 2012 foram distinguidos com o prémio BES Revelação e dois anos depois foram finalistas da décima edição do Prémio EDP Novos Artistas.

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Mariana Caló e Francisco Queimadela DR

O Prémio de Artes Visuais Paulo Cunha e Silva tem o valor pecuniário de 25 mil euros e é financiado pela Fundação Millennium BCP. Foi criado para recordar e dar continuidade à acção de Paulo Cunha e Silva (1962-2015), que durante 751 dias foi vereador da Cultura da Câmara do Porto, onde desenvolveu uma acção reconhecidamente marcante para a recuperação e para a revitalização da vida cultural da cidade – uma herança que foi registada num livro, precisamente intitulado 751 Dias – O tempo não consome a eternidade, da jornalista Helena Teixeira da Silva, lançado em simultâneo com a inauguração da exposição deste prémio destinado a artistas com menos de 40 anos que no seu currículo não contem com mais do que uma exposição individual num espaço ou numa instituição “de relevo internacional”.

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