Susan Sarandon e mais de 570 pessoas detidas em protesto contra a política de imigração de Trump
Os protestos foram organizados por movimentos de mulheres. As detidas foram libertadas pouco depois. Sábado há mais manifestações.
A actriz Susan Sarandon, de 71 anos, foi uma das mais de 570 manifestantes foram detidos durante um protesto na quinta-feira contra as políticas de tolerância zero de imigração do Presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington. Estão previstas novas manifestações, de maior dimensão, para sábado, sob o slogan "as famílias devem manter-se juntas".
A congressista democrata Pramila Jayapal foi igualmente detida. A senadora democrata Kirsten Gillibrand também esteve presente na manifestação, mas não se sabe se foi detida.
As manifestantes vestiram-se de branco, algumas embrulharam-se em mantas térmicas aluminizadas, e sentaram-se no chão do edifício do Senado Hart Senate Office, perto do Capitólio. Entoaram cânticos ("O que queremos? Famílias livres!") e envergavam mensagens como “we care” (“nós preocupamo-nos”, em alusão ao casaco vestido pela primeira-dama Melania Trump antes de visitar centros de detenção de filhos de imigrantes ilegais, que tinha a frase “não quero saber. E tu?”).
A polícia avisou os manifestantes que faria detenções (alegando que se tratava de um protesto ilegal) se não abandonassem o edifício. Pouco depois, a polícia começou a dividir os manifestantes em grupos, encostando-os em linha contra a parede, identificando-os e confiscando as mantas térmicas e os cartazes. Demorou cerca de 90 minutos até terminar o protesto.
Grande parte foi libertada pouco depois, e a polícia disse que seriam passadas multas – mas não se sabe ao certo quantas pessoas foram multadas ou qual o valor da coima.
Alguns membros do movimento Women’s March (Marcha das Mulheres), que tem mobilizado anualmente milhares de pessoas em protesto contra Donald Trump, estiveram presentes na manifestação de quinta-feira. “Estamos a erguer-nos para exigir o fim da criminalização dos imigrantes”, disse uma das responsáveis pelo movimento, Linda Sarsour. A Women’s March dizia no Twitter que participaram 630 mulheres no protesto.
Uma das manifestantes ouvidas pela Reuters, Loretta Fudoli, apanhou um autocarro de Conway, no Arkansas, para Washington – as cidades distam mais de 1500 km entre si – só para participar no protesto. “Os pais [das crianças separadas] não deveriam sequer estar detidos”, argumentou Fudoli. “[Atravessar a fronteira ilegalmente] não é um crime suficientemente grave para os deter e para lhes tirar as suas crianças”.
Antes de chegar ao edifício, a marcha passou na Pennsylvania Avenue, parando em frente ao Trump International Hotel para gritar: “Vergonha! Vergonha! Vergonha!”.
O Presidente norte-americano Donald Trump tem enfrentado duras críticas pela forma como tem aplicado medidas contra a imigração ilegal, que separou centenas de crianças dos seus pais na fronteira: os pais eram levados para serem julgados e as crianças ficavam retidas em centros de detenção. Ainda que Trump tenha recuado na decisão de separar famílias, permitindo que fiquem todos detidos no mesmo espaço, o futuro das mais de 2000 crianças que já foram separadas ainda é incerto.