Europa impõe taxas aduaneiras aos EUA a partir de sexta-feira
Medida abrange cerca de uma centena de produtos norte-americanos
A União Europeia (UE) vai aplicar taxas aduaneiras de 25%, a partir de sexta-feira, sobre cerca de 100 produtos norte-americanos, anunciou a comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström.
Esta é a resposta à política proteccionista adoptada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, que em Março anunciou a intenção de passar a cobrar direitos aduaneiros sobre as importações de aço e alumínio da UE, Canadá e México, bem como de outros parceiros comerciais de Washington, sob o pretexto de uma ameaça à segurança nacional.
“A decisão unilateral e injustificada dos EUA de imporem taxas sobre o aço e o alumínio da UE deixa-nos sem outra alternativa”, disse Malmström, que acrescentou que a UE irá revogar a cobrança de direitos aduaneiros se Washington fizer o mesmo em relação aos produtos industriais europeus. Esse cenário é no entanto pouco provável, com Trump a escalar a retórica proteccionista desde a cimeira do G7 no Quebeque, onde retirou o apoio norte-americano a um comunicado final de defesa do livre comércio, tendo depois ameaçado aplicar taxas à importação de automóveis europeus.
Entre os bens agora visados pela UE, e segundo uma lista elaborada logo em Março, estão milho doce, sumo de laranja, manteiga de amendoim, calças de ganga, whisky bourbon e motos Harley-Davidson. A medida terá um impacto estimado de 2800 milhões de euros.
Para além das anunciadas taxas, e reservando cobrar ainda mais direitos aduaneiros no futuro, Bruxelas já apresentou uma queixa contra os EUA na Organização Mundial do Comércio.
Conflito em crescendo
Na terça-feira, Trump alargou a frente de guerra, desta feita com a China, anunciando uma taxa adicional de 10% sobre um vasto leque de produtos num valor total de mais de 200 mil milhões de dólares por ano (cerca de 170 mil milhões de euros), a somar à primeira taxa de 25% com um impacto de 50 mil milhões de dólares (43 mil milhões de euros) como retaliação pelo "roubo de propriedade intelectual" — tendo a China respondido no mesmo dia com uma medida similar.
Agora, o Presidente norte-americano pede a Pequim que “abra o mercado aos bens dos Estados Unidos e aceite uma relação comercial mais equilibrada”, ameaçando agravar ainda mais a cobrança de direitos aduaneiros em caso de retaliação chinesa.
A resposta de Pequim esta terça-feira, no entanto, assume o mesmo tom. A China promete adoptar “medidas quantitativas e qualitativas” contra o que considera ser "uma pressão extrema" e um acto de "chantagem” por parte de Washington. Ao mesmo tempo, o porta-voz do governo chinês, Geng Shuang, apelava a um "regresso à racionalidade".