Frankenstein? Geringonça? Democracia!

Este é um governo onde Pedro Sánchez tem nas mãos a responsabilidade de caminhar de mãos dadas com os restantes partidos da maioria, tendo a seu lado Portugal como o exemplo

Susana Vera/Reuters
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João André criou o blogue Dar aulas em Inglaterra
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João André criou o blogue Dar aulas em Inglaterra

Em democracia governa a maioria e não o partido mais votado. Rajoy precisou de cair para aprender esta lição, e assim sendo ainda bem que caiu, com um estrondo até então desconhecido na história pós-ditatorial de “nuestros hermanos”.

Rajoy caiu, e consigo caíram a corrupção, a austeridade, o desemprego, o medo, o despotismo, a falta de diálogo, a ausência de diálogo, a surdez, mas também a cegueira, o autoritarismo, as cargas de polícia contra a autodeterminação de um povo, contra a vontade das palavras e, acima de tudo, caiu a soberba.

Soberba autorizada, sim, e democraticamente, por falta de uma alternativa, por falta de diálogo entre os partidos, ou não fosse preciso dividir para reinar, e nisso Rajoy foi exímio. Até agora.

Reconheça-se em Rajoy, no entanto, a dignidade de sair sem protesto, sem resistência, sem birra nem esperneio, de cabeça erguida, sinal de um tigre longe de estar morto, à espreita do primeiro deslize do novo governo de minoria para mais um salto, por certo mortal.

Mas os espanhóis já estão fartos, e o futuro já está farto de esperar e clama por conversação, por entendimento e palavras em vez das bastonadas num país onde, pela primeira vez, não se pede a um primeiro-ministro que jure em nome da Bíblia e de Cristo na cruz, mais uma vez em nome do medo de um Deus de fogo e impiedoso, Deus esse inexistente, ou então de acordo com tudo quanto Rajoy, e o seu PP, têm feito ao longo dos últimos sete anos, e se assim for se calhar é melhor passar sem Deus, pelo menos este, escolhamos outro, e mais democrático, por favor.

E não, este não é um governo “Frankenstein” ou uma geringonça à espanhola. Este é um governo onde Pedro Sánchez tem nas mãos a responsabilidade de caminhar de mãos dadas com os restantes partidos da maioria, tendo a seu lado Portugal como o exemplo e guia da importância de falar com o outro, mesmo se em desacordo e ainda mais quando em desacordo, e assim é a democracia, escutar sem ajuizar, falar sem condenar, ceder sem castigar, errar, cair, aprender e andar, um passo de cada vez, mas para a frente, em nome das pessoas, em nome da maioria, a maioria que ganha eleições.

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