Residências de teatro na escola que IPP devolveu à câmara

Instituto Politécnico do Porto não chegou a acordo com companhias que estiveram instaladas na Fábrica. Teatro Rivoli vai gerir o espaço.

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As companhias deixaram a Fábrica na Rua da Alegria no final de Janeiro Joana Goncalves/Arquivo

A Câmara do Porto vai transformar a antiga escola primária José Gomes Ferreira num “espaço de residência para as companhias da cidade”, revela o presidente Rui Moreira. A solução está a ser desenhada, depois de o Instituto Politécnico do Porto (IPP) e as companhias teatrais que estavam instaladas na Fábrica da Rua da Alegria não conseguirem chegar a acordo sobre os termos de ocupação da escola, onde deveria nascer a nova Fábrica.

Foi já no final de Março que o IPP denunciou o contrato de arrendamento assinado com a câmara no início de 2017, segundo o qual o instituição de ensino superior se comprometia a instalar na antiga escola primária o mesmo projecto que funcionara na Rua da Alegria e onde, na altura do encerramento, em Fevereiro deste ano, estavam instaladas 12 companhias de teatro e vários criadores individuais. Depois de uma tentativa de negociação entre o IPP e as companhias, e sem acordo à visto, a 28 de Março o instituto devolveu as chaves ao município.

O presidente da Câmara do Porto diz que, após a devolução da escola, ainda pensou em tornar a escola na casa do Balleteatro, que está, actualmente, a funcionar no Coliseu do Porto – mas terá, eventualmente, de sair, quando e se as obras já anunciadas para a casa de espectáculos avançarem. Mas o espaço não terá agradado à companhia e, garante Rui Moreira, “já se encontrou outra solução, o Balleteatro está resolvido”. Uma resposta que, diz, será “anunciada em breve”.

A autarquia optou, então, por fazer “pequenas obras” na escola e transformá-la num “espaço de residência para as companhias da cidade”. Dentro de três meses, o tempo estimado para que tudo fique pronto, deverão abrir-se ali quatro novas salas de trabalho, cuja utilização será gerida pelo Teatro Rivoli, após “uma planificação com as companhias da cidade”, diz o autarca.

Ricardo Alves, da Palmilha Dentada, uma das companhias que ficou desalojada depois do encerramento da Fábrica, diz ter sido apanhado de surpresa com a notícia, numa altura em que a companhia se preparava, precisamente, para desenhar e apresentar uma proposta â Câmara do Porto sobre o uso do espaço. “É fundamental encontrar uma solução para ali. É muito importante que não se perca o que a Fábrica dava à cidade e que a câmara continue a perceber que é fundamental ter um espaço daquele género, com salas de ensaio e produção”, diz.

Já Julieta Guimarães, da Erva Daninha, que está em residência no Teatro do Campo Alegre até ao final de 2019, salienta que, por enquanto, a sua companhia tem o problema resolvido, mas que é essencial encontrar uma solução para as estruturas que “ficaram numa situação muito frágil”. Sobre a informação avançada por Rui Moreira, diz que precisa de perceber melhor qual a intenção da câmara, para perceber se ela pode ou não servir as companhias da cidade – incluindo a sua, a partir de 2020. “Se for para colocar lá as companhias, parece-me uma boa solução. Se for um espaço rotativo, não. Precisamos de uma coisa mais estável”, explica.

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